UNICÓRNIO
Lembro-me da primeira vez...
Do vislumbre, do espanto,
Da emoção a me tomar de vez,
Trazendo até mim o encanto.
Recordo-me de tentar de novo.
De penetrar na floresta negra
De enganar os elfos e iludir as trevas
Apenas por um vislumbre de sua altivez.
E foi então que o mundo parou...
Encontrei-o sozinho num lago raso,
Banhando os cascos negros, o pelo branco.
Quis dar-lhe um carinho, fazer-lhe um afago,
Mas o medo me privou.
E de que forma poderia?
Um reles mortal,
Comum a tantos outros,
Tocar sua imortalidade?
Aproximar-se de sua maestria?
De sua cor clara?
De seu pelo branco,
Brilhante como a prata?
De seu corpo musculoso, perfeito.
De seu chifre perolado e comprido,
Repleto de magia?
Seria pura ousadia.
Um impulso vil.
Uma inadequação sem sentido
De um ser pueril.
Mas não desisti.
Ousei mesmo assim.
Toquei-lhe a face com carinho
Fazendo-o retribuir.
Então se afastou.
Correu para a floresta negra.
Deixou-me só, fascinado
Extasiado por tamanha beleza.