O passarinho e o outono

Cansei de ser primavera, de carregar flores nos braços

De tornar próximas todas as tuas longitudes,

Sim, eu cansei!

Cansei de inventar novas cores e perfumes

E sorrir para ti até quando a dor mais doía.

O tempo me fez confissões, achou melhor que eu me vestisse

De vermelho e exigisse ser outonal

As horas me acariciariam infimamente…

O tempo então Voyer , sem nenhuma ilusão

Veria tuas mãos em meus seios

Meu corpo teu ninho pequeno passarinho de penas vermelhas.

Trago-te ramos, e grãos, não te importes com o mormaço

A suçuarana não te encontrará aqui

Deixarei folhas secas no tapete do chão

Como fetiche, mágica… Como chuva de frutos amadurecidos

Até que chegue o momento de nascerem rosas

E a vermelha aurora dissipe-se lentamente

E chegue a hora de tu ir embora

Hei de sofrer, como sofrem todas as estações

Sentirei-me deserta, sem pasto como sofrem milhões

Ver-te encaminhar-se a direção oposta

Seguindo como um rio, num curso onde não vou vou estar.

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 11/08/2011
Código do texto: T3153267
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