Dos antigos deuses
Fizeram meu corpo.
A memória dos mundos
Trago em meu sangue,
Que é por onde falam
Os velhos ancestrais.
O meu rosto é o espelho
De toda a humanidade.
Aqui vejo pessoas
De todas as épocas e lugares,
De homens e mulheres
Que já se foram,
Que aqui estão,
E dos que ainda virão.
O corpo é o canal
Por onde velhos deuses falam,
E o mundo, seu reflexo ampliado,
Por onde os deuses dos deuses
Expressam suas alegrias e angústias
De imemoráveis tempos antigos.
Céu, terra e corpo
São deuses e deuses,
Por onde Deuses
Quiseram se mostrar,
A flor cristalina, cujo reflexo
Povoou-nos de delícias ancestrais.