Revela-te a ti Mesmo
Batiza-me nas profanações castas do pecado,
Bebendo o corpo alucinógeno de Cristo
Nas eucaristias pagãs ovuladas nos prostíbulos politeístas,
E teu coração se macula nos riachos fotogênicos de ressonâncias
Menstruadas dos intestinos viscosos da Pureza,
Para assim jungir o messianismo plutocrático e escravagista
Nos rebanhos subfaturados das massas sociais.
Escreve-te nas pegadas murchas de teus sacros líderes ancestrais;
Blasfema-te em urros ensurdecedores das modas do Vestir e Agir
Canonizados sistematicamente pelas mídias impressas e virtuais;
E que possas tragar nos pubs luso-americanizados das esquinas locais
Tuas discussões apologéticas tão eleatistas cinematicamente,
Ou quem sabe enverga-te nos talheres kardecistas com os faróis enxundiosos
De teu Know-How sempre on-line com os mortos.
Ou entroniza-te nos subterrâneos das androfagias libidinosas
Que engordam com o teu olhar a escassez de inúmeras almas insulares.
Ou boicota-te, como homem que pensas que és, nas vísceras do caos
Através das verbas educacionais e da Saúde lavradas
Nos solos encaixotados pelos abutres da Corrupção.
Crucifica-te no cimo das catedrais ortodoxas de tuas deidades burguesas;
Degola-te, meu camarada e meu irmão, em teu enfarpelado
Marxismo devidamente capitalizado;
Vinde, ó filhos de meu Pai, mergulhemos no cio de todas as luxúrias e torpezas
Que as cabanas sensoriais e idiossincráticas de nosso solecismo existencial reservam a nós, espíritos pensantes.
Lembra-te, minha criança unigênita,
Fruto de minha auto-violência poética,
Tu és a Candeia cosmopolita de todas as escuridões maiêuticas de meu ser,
Onde os quirópteros neurais de teu pensar habitam
As cavernas de cada alma humana tão ostracista.
Preenche-te com o vácuo infinito expelido de teus pensamentos babélicos,
E oscula nos lábios das bíblias sagradas {com devoção e prazer}
Todos os teus delitos, obscenidades e vilezas que te absolverão
No tribunal cósmico de teu corpo e alma,
Por isso, descansa alegremente no dorso delirante de tuas culpas e crimes.
Apedrejaram o meu pesar e minhas solitudes indizíveis até sangrarem,
que me levou a dar à luz de meu ventre a Mãe de todas as dores,
E me rastejei as margens entre o Nada e o Tudo de mim mesmo,
Sob o olhar vigilante das mandíbulas da Morte
Que visava devorar as Gólgotas inexprimíveis de minha filha.
Esquece-te, ó soldado ferido do cotidiano, nos altares dionisíacos
Semeados por tuas concupiscências materiais e corporais,
Entre as rosas plutônicas que seguem cancerizando todos os teus órgãos e estados,
E quem sabe possas enfim te encontrar
{ainda sonolento com a xícara de café na mão},
Nas ilhas tenebrosamente inexploradas
Pela devassidão intercessora de teu Embrutecimento.
Revela-te a ti mesmo enquanto caminhas ao encontro de ti Próprio.
Gilliard Alves Rodrigues
Acaraú, 10/08/2011
2h08min da Manhã