restos

não quero a importância do abraço

não quero a esperança do sorriso

não quero a certeza do cansaço

e nem a ineficácia do improviso

não quero a falácia da razão

não quero a opulência da nobreza

não quero a relevância do perdão

e nem mouse de arroz de framboesa

só quero a névoa seca no pomar

querendo me acolher em seu regaço

só pra me proteger do que preciso

e quero alguém com quem compartilhar

no meio do jardim a refeição

com restos de holofote sobre a mesa

Rio, 18/06/2006