DOR: Único Ponto de Vista Unânime de uma Humanidade Inequânime
Uma dor perrengue
que arde, geme, grita.
Resumo-me a isso.
Não tenho mais medo de estar certo,
desconforto por estar errado.
Essa dor perrengue
que arde, geme, grita
é como outras a fremirem por aí...
Não é mais dor por chagar em mim,
mas é minha.
Disso trato na vida,
na escrita,
no passado,
nas desditas.
Se o que virá,
alguém antecipa?
Nem se empenhem,
não precisa.
Respondo eu mesmo,
sem embargo:
Virá mais dessa dor perrengue
e como arderá e gemerá
e como gritará a maldita!
Sempre há quem me contradita,
quem não acredita nas palavras
desabadas de mim.
Digo sim. Entendo, aceito.
Haverá aquele que recita
dos lírios e rosas,
das falanges de serafins,
dos mares e matas ociosas...
Pois seja bem assim,
na incredulidade dos afins
essa dor perrengue
ardida, gemente, berrante
ache fim um dia
mesmo mais não esteja
em mim.
Porque agora,
o que me resume,
o que me delimita
é dor perrengue...
...e ela arde, geme e grita.