Lúdico Psicodélico Surreal... Uma Alquimia da Imaginação... (Amostra do Vol. II)

***Paisagens de Sonhos escolhidas do livro L P S Vol. II, 2004.

Uns poetas amantes devotos da natureza

Foram vistos em uma madrugada santa

Carregando em seus ombros

Um vaso e meio de flores

Que acalmam no encanto de sua fragrância,

Essa que só aparece nestas noites

E ainda para aqueles que têm a paciência

De respirar em sua essência

O aflorar dos Jardins do Âmago

Mesmo ao anti-horário

O cessar dos pêndulos

Desprendia-se em figuras exatas

Indo de encontro aos que levaram suas cristas

Em nublados sentidos, porém, com nobres sentimentos,

Fazendo assim, ruir o lago dos amuados

Que se infiltram nas cadeias da ilusão,

Prisão onde a cela é o querer

E a liberdade a negação

Ensaiando o Mar Verdejante

Enquanto o Sol é revolto ante a Lua,

Trazia em presto o furor das Conchas Turmalinas,

Contraponteando os corais de algas sopranos

Alçadas na fuga tonal das ondas de néon,

Ele, Nonchos Míneos, o Maestro das Águas,

Debaixo de um lençol adágio

Rogava aos Ventos Submarinos

Na ópera do Reino Oceânico

Sua plenitude harmônica

Reverberada em toda profundidade e extensão aquática

Vibrando em todo o Continente Oculto

Mesmo sob forte tempestade, no monte das brumas tenebrosas,

Os aluados vestidos de branco permaneciam lá figurados

Com suas cabeças em movimento circular contornando a Lua

A esperar a Flor da Madrugada lhes trazer obscuras influências

Para que as novas aparições alegóricas lhes derretessem de imediato

O frio mistério de uma insana emissão de risos luminares

Que por fazes quaternárias convergiam ao anti-horário

Simbolizados no arquétipo de seus programados nascimentos

Em uma desconhecida área

Do pântano daquelas que foram esquecidas no altar,

Atrás de um olho d’água,

Havia uma torta de relógios desanimados,

Em cima de uma pedra de quartzo

Uma bandeja de lesmas sanguíneas,

E num lugar suspenso no inexplicável,

Uma sopa de mamilos elétricos;

Era uma oferenda da supersticiosa Zunue Bindá

Para agradar os Anjos do Ébano

Livradores das invasões telepáticas

Provocadas por uma miraculosa sem pupilas

Nas horas em que costumava uivar no escuro

Vendo os ciprestes se enrolando nas estátuas lúgubres

Que ficavam a alguns jabuticabeiros de sua assombrada tapera

Curiosamente cercada de areias movediças

As treze válvulas do nostálgico eletrônico de mogno

Foram roubadas pelo fascinado das irradiações subconscientes

Na noite em que a luz se projetou no abissal da sonolência,

Pois eram de cristais oníricos, com filamentos foto-encefálicos;

Somente elas poderiam realizar o inverso magnetismo

De sua temível e preciosa máquina de gravar sonhos

Houve um tempo

Onde em todo entardecer

Acontecia uma feira

Na qual o comerciante de efeitos mentais

Erguia suas paisagens naturais

Na inconsciência de todos aqueles

Que desejavam uma libertina emoção,

Quando estes se davam por conta,

Seus próprios pés pintavam quadros

Nas caras que saltavam de suas faces,

Perdidos em lisos devaneios...

O nobre comerciante então sorria ao ver

O seu precioso baú

Repleto de almas cansadas que jamais

Voltariam a pedir de volta o que deixaram para trás,

Pois quando a agulha da mente

Entorta-te em brasa de açucares,

Os tecidos coloridos que formam as identidades vivas

Movem-se ao contrário de sua lógica inversão,

Criando assim, artefatos cônicos

Para uma próxima negação de sua realidade

Os pássaros que moravam com ele

Em seu casaco de todas as épocas,

O protegendo e o acompanhando eternamente,

Não mais precisavam da liberdade dos céus

Bem como ele se esquecera do mundo na Terra;

Formavam um elo de sabedoria alada,

Ousavam da solidão em suas espécies

Ao revoarem em bandos distintos aos confins do infinito cosmos

Que essa mágica e mais que rara comunhão conhecia

Haviam seis ciprestes ao redor do círculo

Onde aqueles inspirados podiam ver a quase Lua

Em concordância com sua circunferência oculta no bosque dos cedros;

Encontrava-se um monge mudado em hibisco,

Seu palpitar era designado pela suprema adoração

Que obtinha nas árias de outono desenhadas no ar pelos violinos da gruta,

Tão bem sonhados pela virgem que os entoa

Aquele que havia sido escolhido para ser o Deus das Miniaturas,

Por orgulho tremeu as bases das antenas avessas do campo,

Assim, os raios que emanavam do submundo gritavam nos lagos da atmosfera,

Pois se desencontravam de suas torres...

Não sabia ele, que as formigas, anfitriãs do túnel azul,

Preparavam-se para uma definitiva conjunção

De seu horizonte alto construtivo;

Se este não se volta a seus pequeninos por imprudência do ego,

Esses outros detentores dos domínios da construção

Elevam suas vias relativas tanto ao plano das macro-dimensões

Quanto ao nível das micro-distâncias,

Pois a eles, uma coisa é a própria sustentação da outra

Sempre que os outros exorbitavam suas gargalhadas fabricadas,

Aquele que caminhava introspectivo se exteriorizando na natureza,

Ouvia em seus ouvidos internos uma canção tão triste quanto nobre,

Sentia ele a vontade de sorrir apenas quando decifrava os arquétipos abstratos

No mundo imaculado do pensamento, onde seu fiel amigo vulpino

Era a única fonte de sensações que precisava

Havia por de trás da última cortina de água

Que descia através do dorso dos montes que enxergam,

Algo protegido incondicionalmente pelos príncipes da fumaça,

Que nem mesmo na ausência de luz tiravam suas sombras dali;

Estava enraizado lá o que existia de mais precioso

Para os entes no interior do sussurrante bosque,

Eram os filhos dos velhos cedros

Quando aqueles que se originaram em meio ao verdume calmo

Olhavam para o Céu e viam nuvens que se manifestavam em forma de cedros,

Sabiam que era a representação alegórica do espírito dos sábios entes,

Antes nascidos em volta de seus casebres

E hoje nascendo com mais ponderâncias nas Terras do Esquecimento,

Tendo como única referência certos olhos d’água

Que indicam sua presença no outro lado do invisível

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Mosiah Schaule / Giuliano Fratin

Giuliano Fratin e Mosiah Schaule
Enviado por Giuliano Fratin e Mosiah Schaule em 21/07/2011
Código do texto: T3108556
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