No Limiar da (In) Consciência... (parte 37)
As lembranças nascem tranqüilas pelos jardins da memória
Ao complexo de suas absolutas profundezas
Expandindo horizontes que formam correntezas,
Delírios que desviam a verdade de uma voz
Aprisionada pelo olhar que se dilata em percepções
Para fundir-se na transparência existencial
Que favorece a luz da íntegra consciência...
Em partes, o paradoxo das evidências
Estende-se sobre a dimensão da imagem
Cujo ápice da transcendência evóla-se,
Pois com o reflexo da própria transmissão,
Projeta o silêncio e o contrário da visão
Em sua consecutiva totalidade...
Na certeza que lhe assegura de seu potencial,
Habita a superfície do amanhã...
Pelo universo inconsciente paira um segredo,
Uma verdade revolucionária,
E se desloca de tal evanescência uma nobre virtude
Que num instante assume inusitada forma
Desencontrando o sentido que recorta o centro ígneo
Da intencionalidade de sua efêmera intuição...
Os cogitos se renovam sob uma auto-fusão
Entre as áureas e fluídicas linhas de energia
Que magnetizam a esfera da luz psíquica,
Talvez pela permanência da sincronia cíclica
Que na sua atmosfera se multiplica aos entremeios
Para uma eterna atualização do ânimo vital...
Abstratos e imagéticos, em provável clarividência,
Propagam-se únicos no núcleo recôndito de uma flâmula
Que confirma de imediato a razão da própria existência
Dispersando-se em semelhança, porém, com distintos aspectos,
Curiosamente deslumbrantes na ascensão do ser imanente...
Percebe-se na freqüência em que divaga
A alegoria delineada na encosta do mistério
E vislumbra a proeza nos trajetos do dia posterior
Presa a presença de uma solitária paisagem...
Eternizada na sutil imensidão se transforma em pensamentos
Ávidos em substância de exata convicção
Qual essência concretiza ao lado externo do irreal...
Uma atividade do espírito eleva as chamas da união
Que mescla hierárquicas etapas revestidas de igualdade
Na precisão magnética de seu resultado
Translúcido no limiar da infinitude da vigília...
Cintilante abismo de reflexões nas margens da alma
Confunde a revelação de uma figura que se move
Na introspectiva alusão de seus movimentos
Traçando um caminho, o signo de um poder cósmico,
Com a força contida na ausência de sua improbabilidade...
Derramam-se os pensamentos sobre a ambígua compreensão
Das mutualidades existentes no interior da mesma condição
Que eleva as descobertas dando-lhe conseqüente queda
Nos degraus onde se ouvem rumores sobre a complexidade
Ao recompor o conteúdo disperso em múltiplas faces
Cada uma com determinada parte da grande vitória sideral...
Pelo desejo voraz de apreender o que se cria no infinito,
Códigos se reformulam para uma nova jornada,
Mas o fim que defronta o início se dissolve na claridade escura
Enquanto o silêncio em busca de qualquer ruído
Adentra a circunferência da gradual despedida
Reduzindo-se a cada véu que encobre o fruto de seu presságio...
Entre os altares do espaço, a nebulosa janela
Que no invisível transparece a criação da Vida,
Dilatando e ofuscando a compreensão etérea
Dos horizontes deslocados de seus longínquos extremos,
Se recria numa profundidade cristalina do Tempo,
E ao lago da Consciência evade o pensamento
Que procura na razão cósmica um lúcido e puro conceito
Para apreender, em suma, a sua verdadeira unidade...
Um segredo se fragmenta diante de um desafio
Cujo domínio desabriga a exaltação de seu intelecto
Que suspensa no espaço, onde deságuam os atalhos,
Direciona-se ao princípio para se poder investigar novamente
O caminho destinado ao fim de uma sublime inovação...
Mais intensa a que distancia-se num conflito de incompatibilidade
Pois nega ao espelho do vislumbrante momento
A continuidade de sua mágica e avançada progressão...
Giuliano Fratin
(em memória do meu grande amigo Foed Castro Chamma, 2008).
(do livro No Limiar da (In) Consciência, 2008).