Alma insensata
Eis que,um dia,ele bateu forte em meu velho peito
Abriu ,de mansinho,as portas e,a ele,assim, indagou
Nem com raiva,nem com ternura,mas,de um certo jeito...
Que ,não furtaria dele,a cristalina verdade de como sou.
“amigo coração,diga-me o que lhe vai ,no fundo”!
Ainda que, pela dor da magoa ou mera ausência,chores
Ou,que sinta o maior sofrimento vil que há no mundo”
“Fala,meu pobre,aquilo que,há muito,por ele ,implores”...
Entre soluços e apertos ,meu sofrido coração ,falou...
“Aprisionado fui,com grilhões de pano,assim, me deixei”.
“Para que minha alma liberta,voasse a todos os confins!”
“Rogara,tão somente,que trouxesse,um dia, o amor que dei”
Tal como ,frívola aventureira,de tudo,sem limites,provou
Atirou-se ,em vertigem,a todos os folguedos,sem cuidado,
Bebeu o cálice do dulcíssimo néctar e dele,tola,se embriagou
E,feito negro anjo caído,olvidou o pedido de mim,renegado...
No que,o doído coração,abrindo,os marejados olhos,lentamente
Contemplou,no êxtase ,todo o amor,pleno, que sempre foi seu.
Esboçou gratidão,posto que, tarde, a minha alma morria,silente
Deveras ,a insensata avezinha de minha vida,de mim,não esqueceu”