Controle
O grave da voz alucinava-me
Entregava-me a tal feição inteiramente toda
E quando percebia já estava há horas lendo
Algum pedaço oculto de meus próprios pensamentos
Sem muitos êxtases apenas em contato com o corpo
Encontrava com Deus nesses momentos,
Eram tão verdadeiramente sublimes que abria o peito
E tinha direitos diante do que as possibilidades
Da felicidade que brotava de meu sangue fervente
Só o espírito tinha vida própria
E assim, encontrava-me face a face;
Com o que de mistério existia em mim
Não entendia, não queria entender;
A graça que as coisas tinham eram essa de brincar
Com a não sensação de ser inteira
O ar me respirava em temporais de calor
E transformava as coisas dentro do mais íntimo
Do ator que me possuía para fingir
Pela vida a fora que eu conseguiria ser mais
Livre do que eu me propunha
Até que de repente eu simples e leve
Acordei, e acabei achando graça das inquietudes;
Que banhavam meu inconsciente
Descobri-me no último minuto da madrugada
E pela primeira vez me amei quase sensualmente.