Do Paraíso Ao Encontro...

I

Ao sorrir, antes do luar,

Como suposta ligação entre os fatos

Quis ver o escuro do lago...

Quando o Céu tentou nublar

Quisera lembrar, não pôde...

Sempre aos laços com a meiga loucura

Provou de lascívias em luto

Desfazendo–se em paradoxo do eterno,

Mas procurando legitimar seus passos

Alcançou a vitória dos oceanos.

II

Soube que iria devorá-la

Sobre uma lagoa de estrelas

Até não poder mais ver

O infinito que paira em teus lábios...

Vindo a noite em gotas de Sol,

Revivo cada instante lúbrico

Com você ilúcida e quão púrpura

Perdido entre as flamboians da mata...

Tão pouco livre pelos deleites

Pergunto por tua doce demora

No vazio do querer em pautas

Que se preenche com raras notas...

III

Na véspera de um leve aflorar,

Através de um equilíbrio na alma,

Via-se a ternura selvagem...

Então quando se pôs a Lua

Foi sóbrio ao invés de abraçar seu leito...

Como as folhas das paineiras

Sonhava com o encanto de iludir-se...

Dentro das sombras repletas de intenções

Atravessando o olhar no carisma das paisagens

Encerrava-se onírico e vivaz...

IV

Talvez possamos ir até o fim

E acordar em forma de cristal;

Mas se faltam anjos para te compreender,

Neste incisivo impacto de luz

Inspiro-me a te explicar:

Os cabelos que te enlaçam nua

Propõe-nos uma brincadeira de todas as idades.

Amando cada vez mais o som do Mar

Sem pensar em abandonar o nosso lar

O grande sonho de enigmas se propaga...

Enquanto os contrastes do tempo variam

A única nuvem de sabedoria é esperar...

V

Segue a orla da infinda atraência

E a eternidade se repete novamente...

Solene busca da Mãe Etérea,

Proeza de valor inestimável

Pelo singelo amor de uma época...

O Universo é seu mais precioso amigo

Gerado pela autenticidade dos mistérios...

Preservando as origens de aspecto afável,

Tão curiosa face translúcida sob as nascentes

É sua quase vida de olhos semi-abertos...

VI

Em suas pupilas de cores divergentes

Morosa garoa do espírito presente...

Como a malícia de uma criança

Mesclada com a doçura exótica dos guapês

A volúpia se despia entre as purezas...

Maravilhosa mente inspirada pela magia

Que seduz o arqueólogo das palavras...

Digna da recíproca espelhada nas águas

Ao ápice sorria vertendo lágrimas

Por sua conquista crisálida e angelical...

-

Giuliano Fratin / Marcelo Cristiano Guedes (2003)

(do livro Um Pedaço do Universo e Outros Trabalhos)

Giuliano Fratin e Marcelo Cristiano Guedes
Enviado por Giuliano Fratin em 06/07/2011
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T3078195
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