Ode à Anna Akhmátova
Toda leveza me espreme sorridente e tresloucada
Enquanto sussurro o universo com o olhar...
A cada piscadela, um mergulho em outrem
Uma dança de etéreas notas acanhadas...
Mas eu canto a selvageria dos dias
Carregando vida e morte no regaço,
Acariciando o tempo com a dor de ser
- pois que o tempo é anfitrião do sadismo.
Por outro lado, não mais desmaio na sarjeta
Tampouco dilacero aquele espelho;
Deixo-me descansar discreta e felizmente perdida
Nas entranhas de meu silêncio.