o jabuti e o lenço
fugazes não somos,
mas quase inventamos
cruzamos a ponte
do desengano
do lado de lá
espera ansiosa
a brisa da prosa
que diz que o carteiro
num tiro certeiro
não tarda a chegar
não tardo a chorar
pensando em alguém
que nunca me vem
engulo o soluço
não vou me sentar
eu pego meu trem
antes que o além
me venha acudir
não posso ouvir
o muxoxo no mato
o olfato imedido
não posso sentir
metido e atrevido
vem o jabuti
que olha pra mim
e me acena com o lenço
não tendo incenso
me ponho a chorar
Rio, 14/06/2006