Gramática Viva
Passo meu tempo procurando sinônimos
Explicações para minha existência
Mas encontro, na verdade, nos antônimos
A razão com toda a sua incoerência
Faço na vida muitas comparações
De pessoas e coisas pelo mundo afora
Mas singelas são dentre todas as ações
O que consigo tirar das metáforas
Meu ser oscila entre muitos paradoxos
Ao me expressar eu vôo pelas hipérboles
Elementos que compõem os meus ossos
Metonímias disfarçadas de sinédoques
Ao procurar em mim alguns sujeitos
Acabo por encontrar os predicados
Objetos que são mais do que indiretos
Predicativos que se mostram derivados
Mesmo querendo a ordem certa
Os hipérbatos são mais do que constantes
Tento ser por vezes mais concreta
Mas bem fácil evaporo em instantes
Perco-me na subjetividade
Afogada nas minhas sinestesias
Tento seguir reto, na verdade
Mas o caos absorve minhas fantasias
E assim eu sigo entre as figuras
Dentre palavras que são tão ativas
Que conseguem levar às alturas
A mim e à minha gramática viva