Hã?
Ás vezes quero sorrir, às vezes quero odiar...
Ás vezes quero mentir, as vezes quero amar...
As vezes quero viver, as vezes quero matar...
Ás vezes quero escrever e me apagar.
Ás vezes quero sumir do mapa, fugir.
Ficar sozinha de mãos dadas
Com uma companhia que deseja
O mesmo o que eu desejo: Nada!
E tudo! Todos,
Nessa orquestra de loucos,
Onde o muito é pouco,
Onde a fortuna se desfaz em amizade!
A razão da humanidade na ilusão de seus filhos,
Abram as portas da esperança!
Fechem as janelas, quebrem os vidros!
Fechem seus olhos, ouçam o grito desta criança, um pedido...
Ás vezes quero dizer e me calar,
Dizer o que penso, o que sinto,
O que vejo, o que faço é o que digo?
Parar um instante e pensar em: Tudo!
Em todos, em nada!
Nessa Terra tão quadrada,
Onde a vida é mais cara,
Onde a miséria se desfaz em sonhos...
E como!
Óh minha doce companhia,
Diga-me, onde estátua alegria?
Na razão da insanidade, na humanidade ilusionista?
Não sejas tão machista!
Apenas pegue minha mão.
Ás vezes quero acordar e pular
E voar sob o céu estrelado...
Onde está o meu cavalo?
Ouço ao longe o seu galopar.
Suas asas quebraram, vejo-te cair e flutuar
Sob o chão de estrelas cadentes,
Pobre menino! Caiu seus dentes? Machucou a mão?
Não tenha pressa, apenas ouça seu coração!
Ás vezes quero dormir e descansar
E sonhar com minha doce companhia,
Que sem jeito para mim sorria,
De mãos dadas á luz do luar...
Sozinha, estou cercada e encurralada,
Mas tranqüila. Meu coração bate,
Como um caroço de abacate,
Como uma faca que se parte
Um bolo de chocolate.
Será que é tarde? Que horas são?
Mais cinco minutos, por favor!
Será que é pedir demais?
Mas feche a porta quando for...
Horas, minutos, segundos...
Um suspiro, um carinho, um palavrão.
O galo canta, corram para suas casas!
Aí vem o bicho papão!
Oh não!
Me diga as horas!
Quero ir embora, me levem para fora,
Onde está meu avião?
Ás vezes quero perder e me encontrar
Ás vezes quero morrer e ressuscitar,
Me afogar em alegria!
Por que choras ó minha doce companhia?
Não tenha medo, nada irá nos machucar.
Achaste que o que eu digo é em vão?
Seque essas lágrimas, sinta sua pulsação,
Apenas segure minha mão.
O galo canta outra vez,
Segundos, minutos, horas,
Onde estão minhas memórias,
Onde estão, quero saber!
E o galo canta, canta e canta,
É hora de dormir e o que estás fazendo aqui?
Por que me vem importunar?
Não tem vergonha? Que ousadia!
Oh minha doce companhia!
Lembra-te e esqueças
Olhe para o chão,
Não diga nada,
Apenas pegue minha mão!