Simulacro

Naquele dia que o Diabo visitou Deus

para perguntar sobre Jó,

Deus usou de digressão

e deu-lhe uma orientação

olhando todos os seus

que trouxe do pó:

- Vocês sabem que consigo ir ao futuro,

não sabem?

disseram todos: - sabemos!

existe lá, um louco, que há tempo aturo,

um ninguém.

que divulga: a Deus matemos!

- E vocês sabem o que Eu lhe faço?

e todos diziam: não!

dou-lhe como irmã a loucura

e minha ira não disfarço

até o intervir do Justo é vão

se faz presente minha ira futura.

Dou-lhe um pouco de refrigério

para ver se ainda insiste

com seu topete em riste

continua com tal magistério

então firo-lhe em absoluto

e sua pena definha em luto

E o que dizia: Deus está morto!

e o procurava com lanterna

jaz em sepultura eterna

que serve de refúgio só para o torto

e sem a tua pena, acredite

quem está morto é Nietzsche!

E você, Diabo, o que deseja?

testar quem me conhece?

mas só até que veja

que ninguém a cova desce

a não ser por mando meu

e nunca por desejo seu.

Ainda que Jó fraqueje

você jamais será o vencedor

ainda que a dor lhe chegue

Eu sempre serei o Senhor

porque o que você faz

é apenas o que me apraz

- Assim é seguir em vão...

disse desiludido o Diabo

- Mas não é assim não, seu cão!

disse Deus irado.

- Essa é a tua hora má!

- "Que importa você? Que importa você?"

- Nada aqui é sacro!

- Siga o simulacro!

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 29/11/2006
Código do texto: T304358
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