Ocaso
Cronos e Sophia, parceiros afins,
incidem sobre distintos aposentos;
enquanto o primeiro, estraga o jardim,
a segunda, adorna por dentro.
Adormecem os encantos de Afrodite,
no leito daquele que dana o terreno;
hibernam pois, os ursos do apetite,
e a neve cobre o monte supremo.
Fraquejam as colunas do templo,
e os guardiões também a oscilar;
o pontífice instinto segue o exemplo,
e nada imola sobre o altar.
As musas arrumam o leito final,
onde há quem diga que a vida começa;
a chave gira o eterno portal,
e o trigo maduro, ao celeiro ingressa.
Aí a sede se torna uma fonte,
manancial de exemplo que outros bebem;
Travessia serena no barco de Caronte,
aos Elísios, onde venturas recebem…