Ocaso

Cronos e Sophia, parceiros afins,

incidem sobre distintos aposentos;

enquanto o primeiro, estraga o jardim,

a segunda, adorna por dentro.

Adormecem os encantos de Afrodite,

no leito daquele que dana o terreno;

hibernam pois, os ursos do apetite,

e a neve cobre o monte supremo.

Fraquejam as colunas do templo,

e os guardiões também a oscilar;

o pontífice instinto segue o exemplo,

e nada imola sobre o altar.

As musas arrumam o leito final,

onde há quem diga que a vida começa;

a chave gira o eterno portal,

e o trigo maduro, ao celeiro ingressa.

Aí a sede se torna uma fonte,

manancial de exemplo que outros bebem;

Travessia serena no barco de Caronte,

aos Elísios, onde venturas recebem…

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 29/05/2011
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