DEJANIRA E OS METROS GREGOS

D E J A N I R A

Coroa de Sonetos sobre os Doze Trabalhos de Hércules

WILLIAM LAGOS, julho 2006

DEJANIRA -- COROA DE SONETOS

DEJANIRA I

Oh, Zeus, meu pai, por que tanto me provaste?

Sei que me deste a força, porém invulnerável

Eu nunca fui, embora inquebrantável

Consciência do dever tu me inspiraste.

Meus filhos não matei, somente os versos

Neguei-me a redigir durante tantos anos;

Agora chega a hora de doze desenganos

Transformar em poemas de acidez conversos.

Em gotas de matiz sonoro e adocicado,

Beleza por tortura, razão por desatino,

Coragem por perigo, sabor por azedume,

Mais que Herakles eu sofro, de tão atribulado,

Porque a história já li e sei que é meu destino

Morrer incinerado no manto do ciúme.

DEJANIRA II -- O JAVALI DE ERIMANTO

Oh, Zeus, meu pai, por que tanto me provaste?

Foi Hera, tua mulher, que me levou à loucura

E fez-me cego e surdo: em meio da tontura,

Matei meus próprios filhos e então me condenaste

A Doze Obras Terríveis, escravo dos humanos...

Primeiro um Javali, que foi capturado

Nas faldas do Erimanto, em fosso aprofundado

Passei-lhe a focinheira; seus saltos quase insanos

Interrompi com cordas; levei-o aprisionado

Para o Rei Euristeu, que não soube retê-lo

E deixou que fugisse, e dano incalculável

Causasse na cidade, até que fui chamado

Para matá-lo a flechas; e agora, em meu desvelo,

Sei que me deste a força, porém invulnerável!...

DEJANIRA III -- O LEÃO DA NEMÉIA

Sei que me deste a força, porém invulnerável

É o leão que assola as plagas da Neméia;

Ordena a Pallas que me inspire a idéia

Para vencer tal fera inigualável...

E assim a deusa veio dar ao herói

A inspiração para a tremenda luta;

As flechas se entortaram na disputa,

Rompeu-se a clava e o monstro não destrói.

Foi necessário montar sobre o leão:

Não pude sufocá-lo, mas a espinha

Enfim partiu-se, não era comparável

À pele inconquistável, que revestiu-me então.

Porque invulnerável, na luta que foi minha,

Eu nunca fui, embora inquebrantável.

DEJANIRA IV -- AS ÉGUAS DE DIOMEDES

Eu nunca fui, embora inquebrantável

Vontade de vencer me tenha acompanhado,

Aonde quer que fui, guerreiro abandonado,

Minerva me ajudou de forma imponderável.

Foi assim que enfrentei as éguas de Diomedes,

Lampônia e Ianto, Deno e enfim, Podargo,

Pelo rei acostumadas a um amargo

Festim de alfafa e carne, em que percebes

O alcance doido da humana perversão.

Joguei-lhes Diomedes, por repasto,

Levei-as a Euristeu, como mandaste,

E se tornaram dos lobos refeição.

Sabes bem a razão do esforço gasto:

Consciência do dever tu me inspiraste.

DEJANIRA V - OS BOIS DE GERIÃO.

Consciência do dever tu me inspiraste,

Por isso fui a Erítia, onde Gerião,

Seis braços, três cabeças, se reveste

De sólida couraça até o chão.

Matei ali primeiro seu pastor,

Eurítion, também de duas cabeças;

Frechei os sete olhos de um horror:

Destruí um dragão e quanto mais me peças.

E quando Gerião, coberto de armadura,

Lançou-se contra mim, seus joelhos descobertos

Foram meu alvo; e dei-lhe sepultura,

Após fender-lhe os crânios e os dispersos

Rebanhos eu levei; Senhor, de olhos abertos,

Meus filhos não matei: somente os versos!

DEJANIRA VI -- OS ESTÁBULOS DE ÁUGIAS

Meus filhos não matei, somente os versos

Cantaram sobre mim a explanação

De porque, em trabalhos tão diversos,

Minhas forças desgastei, sem negação.

Foi assim que limpei as cavalariças

Do Rei Áugias, pois desviei dois rios,

O Alfeu e o Peneu: águas mortiças

Correram por semanas, até que os fios

De água cristalina rebrotaram.

De modo semelhante, os perversos

Sentimentos da alma, os desenganos

Se foram empilhando e armazenaram

Tristeza e mágoa, pois que tantos versos

Neguei-me a redigir por tantos anos...

DEJANIRA VII -- A HIDRA DE LERNA

Neguei-me a redigir por tantos anos

Versos quaisquer de amor ou filosóficos,

Mas agora ressurgem, teosóficos,

Na encarnação feroz de meus enganos.

Pois têm sete cabeças, como a Hidra

De Lerna, que tenho a destruir:

Não basta uma cortar, que a reluzir

Já brotam duas, como a clepsidra

Dos deveres por tempos esquecidos.

Preciso agora de um acompanhante,

Iolau que aplique o archote chamejante

Para conter dos versos novos danos,

Pois se Hércules doze monstros tem vencidos,

Agora chega a hora de doze desenganos.

DEJANIRA VIII -- O TOURO DE CRETA

Agora chega a hora de doze desenganos

Transformar em poemas a serem desprezados:

Doze tentos reuniu Hércules e, trançados,

De quatro em quatro, contra grandes danos

Os fortaleceu, a fim de o touro forte,

Que assolava furioso o chão de Creta

Pudesse capturar, em laço que intercepta

Os ataques do touro e os golpes da má sorte.

Porém Juno enviou, para roer o couro,

Camundongos famintos em bandos inumanos.

São ratos que eu enfrento, como um touro,

Tais como buscam, racionais, meus versos,

Neste projeto os doze labores herculanos

Transformar em poemas de acidez conversos.

DEJANIRA IX -- O POMO DAS HESPÉRIDES

Transformar em poemas de acidez conversos

As façanhas de Hércules é também

Uma empreitada hercúlea; que se tem

De reunir sonhos bem ou mal dispersos.

Como Hércules as Hespérides visitou,

Matou o dragão que a elas custodiava,

Pelos pomos de amor que Hera reservava

Para si própria; e o prêmio conquistou:

Égle e Erítia, Héstia e Arethusa,

As quatro Hespérides, filhas de um titã,

Atlas, que o céu nas costas carregado

Tinha por séculos, no imenso afã;

E delas recebeu os frutos, sem recusa,

Em gotas de matiz sonoro e adocicado.

DEJANIRA X - AS AVES DO LAGO ESTÍNFALE

Em gotas de matiz sonoro e adocicado,

O crocitar das aves que assolavam

De Estínfale o lago e assassinavam

A quantos se atrevessem ao descuidado

Passeio por suas margens caminhar.

Eram aves de bronze e carne humana

Seria o seu festim; em extrema gana,

Sacudiam suas asas, por lançar

As penas afiadas qual punhal.

Mas Pallas enviou ao seu herói

Címbalos de som estridulante e fino.

Hércules os sacudiu; e o som fatal

Expulsa as aves; e assim ele constrói

Beleza por tortura, razão por desatino.

DEJANIRA XI -- A CORÇA DE CERINO

Beleza por tortura, razão por desatino,

Ao ver que Herakles os monstros derribava,

Com igual facilidade: se não prendia, matava,

Euristeu determinou-lhe um feito pequenino:

Caçar a bela corça do monte de Cerino,

Com chifres feitos d'ouro e a Diana consagrada;

Cem vezes tenta o herói vencê-la de cansada,

Ou por cem armadilhas de estro peregrino,

Sem nunca conseguir, pois sempre lhe escapava,

Até lembrar, por fim, de estender-lhe a rede

Entre as colunas do templo; e do perfume

De incenso recobri-las, que assim lhe disfarçava

O cheiro do cordame; e então a prende e mede

Coragem por perigo, sabor por azedume...

DEJANIRA XII - O CINTO DE HIPÓLITA

Coragem por perigo, sabor por azedume

O leva a cavalgar até a bela Hipólita,

Mas não de amor ou gozo, pela razão insólita

De roubar-lhe da cintura o cinto do ciúme,

Trançado pela mão do pai, o grande Marte;

E novamente a força de nada serve ao herói:

São tantas amazonas que o número destrói

Até mesmo o vigor... e apela para a arte:

Hipólita seduz e acaba em raptá-la.

Já no barco de volta, ela sente saudade

E anseia por voltar ao reino idolatrado...

O zóster ela deixa ao herói que diz amá-la;

E embora essa partida lhe dê infelicidade,

Mais que Herakles eu sofro, de tão atribulado.

DEJANIRA XIII -- O CÃO DO INFERNO

Mais que Herakles eu sofro, de tão atribulado:

Ao Hades não desci, mas sinto viver nele:

Os sonhos me constrangem, sem que fulgor revele

Uma bênção sequer, ao longo do passado...

O herói foi envolvido na pele invulnerável

A enfrentar Cérbero, o cão de três cabeças;

Falou-lhe o Rei dos Mortos: "Agora não esqueças:

Não podes empregar, contra a fera indomável,

Coisa alguma que seja, somente a própria mão."

E assim ele lutou contra o feroz mastim:

Quebrou-lhe um dos pescoços e mutilou o canino,

Firmemente o amarrou e trouxe ao verde chão;

Mas livre embora Herakles, não libertou-me assim,

Porque a história já li e sei que é meu destino.

DEJANIRA XIV -- INTERLÚDIO

Porque a história já li e sei que é meu destino,

Por muito desejar livrar-me do trabalho,

Por muito me trair nos versos, em que espalho

Os meus desejos loucos, minha dor, meu desatino,

Não me libertarei com doze obras somente:

A corça é mais ligeira e o cão mais indomável;

O pomo é mais amargo e o leão, inquebrantável,

O cinto é inatingível e a hidra, mais potente.

Porque de meus irmãos humanos, são figuras,

Metáforas somente de lutas bem mais duras,

Que tive de enfrentar, ao longo do caminho,

Sem que deusas me ajudem, a patrulhar sozinho

Essa senda macabra e, enfim, sem azedume,

Morrer incinerado no manto do ciúme...

DEJANIRA XV -- A INCONCLUSÃO

Morrer incinerado no manto do ciúme,

Da inveja e da malícia daqueles que, a meu lado,

Deveriam marchar e têm-me abandonado;

Eu sinto ao coração o cheiro desse estrume,

Pior que o dos estábulos que Hércules limpou;

Em homens eu enfrento os bois, cavalos, touro,

As aves são mulheres, suas penas falso ouro,

E javali é o amigo que tanto me atraiçoou.

E assim, enfrento a vida, seguro em meu espanto:

Só choro de alegria e, então, nunca meu pranto

Me verão derramar, por mais que o bem se afaste.

Qual Hércules eu luto, em plena madrugada,

E repito seu brado, que eu sei não leva a nada:

Oh, Zeus, meu pai, por que tanto me provaste?...

DEJANIRA – A CANÇÃO DA COROA

Oh, Zeus, meu pai, por que tanto me provaste?

Sei que me deste a força, porém invulnerável

Eu nunca fui, embora inquebrantável

Consciência do dever tu me inspiraste.

Meus filhos não matei, somente os versos

Neguei-me a redigir durante tantos anos;

Agora chega a hora de doze desenganos

Transformar em poemas de acidez conversos.

Em gotas de matiz sonoro e adocicado,

Beleza por tortura, razão por desatino,

Coragem por perigo, sabor por azedume,

Mais que Herakles eu sofro, de tão atribulado,

Porque a história já li e sei que é meu destino

Morrer incinerado no manto do ciúme.

M E T R O S G R E G O S

Ciclo de Poemas sobre os Modelos Helênicos

WILLIAM LAGOS, julho de 2006

METROS GREGOS I -

TROQUEU EM TRÂNSITO

Em nada a meu amor eu serei dúbio:

Ao longo destes versos em que espalho

A doçura da brisa e o martelar do malho,

Em que comparo o ouro e o esplendor núbio

De cabelos, ora crespos e ondulados,

Ora lisos e castanhos, brancas águas,

Ora cacheados, recendendo a mágoas,

Ora flutuantes de odores perfumados,

Ou vermelhos ainda, eu permaneço

Fiel a meu amor: eu só descrevo

As sensações de meus momentos sábios

De amores subitâneos, em que cresço

Apenas no meu sonho; e aceito o enlevo,

Qual um beijo de amor sobre meus lábios.

Um verso troqueu é aquele cujo pé poético [o final de cada verso] é formado por uma sílaba longa, seguida de uma sílaba curta.

METROS GREGOS II --

ESPONDEU ESPONTÂNEO

Eu me sinto como quem não tem mais rei,

Tal quem perdeu a alma, porém fé

Conserva sempre; e à musa fiel é.

Mantendo o juramento que fez lei.

Porém as emoções em mim tão nuas,

Sem cobertura, frágeis, não têm véu;

Meus velhos sentimentos vão ao léu

De tantas sensações que, enfim, são tuas.

Amor se pede assim a quem não tem

Amor por dar e até mesmo faz crer

Que a ânsia desse amor nem sequer via.

E amor se perde fácil e até sem

Motivos dar; é amor de quem quer ser

Aquele que te beija ao meio-dia!...

O verso espondeu deve terminar por duas sílabas longas, isto é, digamos, tônicas? como palavras com tônica e subtônica finais em português são raras, a solução é apelar para dois monossílabos ou para uma oxítona seguida de um monossílabo tônico. onde se prova que o espondeu não é muito espontâneo em nossa língua...

METROS GREGOS III --

DACTÍLICO DACTILOSCÓPICO

Vejo-me envolto em novo esplendor mágico:

A redação de um métrico dactílico,

Criado pelos gregos para o idílico

Representar, de preferência ao trágico...

E ocorre que este ritmo antiqüíssimo,

Para romanos e helenos sempre válido,

Na guerra frígido, para amores cálido,

Estuante de fulgor, raro e belíssimo,

Tampouco corresponde ao nosso estólido

Português férrico e de sabor metálico,

Paroxítono e verboso no seu tônico

Prazer de demonstrar-se firme e sólido

E então fragílimo, ao enfrentar o fálico

E flácido rufar de meu tambor irônico...

O metro dactílico tem um pé formado por uma tônica e duas átonas, de fato, uma longa e duas breves, porque o daktylos, ou 'dedo', tem a falange bem mais longa que a falanginha e a falangeta...

METROS GREGOS IV --

ANAPESTO ANAPLÁSTICO

Aqui se encontra a dura exultação,

Com desfolhar gentil de malmequer;

Aqui se afasta a paz, nessa emoção,

Pela ânsia insatisfeita da mulher,

Que seduziu sagaz um coração,

Sem conceder jamais beijo sequer,

Que me propôs amor, pura ilusão,

Adiada para além de onde estiver

Minhalma sensitiva. Mas, se eu souber

Que poderei achá-la, mais além,

Envolta na salgada maresia,

Se minha vida toda lhe trouxer,

Tenho certeza que lhe darei, também,

Os farrapos de minha última harmonia...

O anapesto requer um pé poético de duas sílabas breves e uma longa... ou duas átonas e uma tônica... este é fácil em português. .

METROS GREGOS V ---

CORIAMBO COREOGRÁFICO

Eu reparti com ela esta emoção

Que me reveste a alma e traz-me até,

Envolvido meu amor em sedução,

Um relicário azul, pobre de fé.

É um sacrário banal: só nele há

Meu coração e o fervor que ele contém,

Relíquia não possui, pois nele está

Rascunho de um sabor feito desdém.

Foi grande o meu favor, pouco me deu,

Por todo o bem que fiz, só deu-me mal,

Tal como se mostrou fraca a razão.

E como a conclusão me entristeceu:

Sou obrigado a ver nela, afinal,

Uma mulher que tem mau coração.

O coriambo requer um pé com uma sílaba longa, duas breves e uma longa, ou uma tônica, duas átonas, uma tônica, pouco natural na língua portuguesa.

METROS GREGOS VI ---

IÂMBICO IATROGÊNICO

Encontro neste ritmo perdão

Dos desalinhos da falsa alegria,

Dos capitosos ribombos da poesia,

Das mágoas estridentes da emoção;

Que o iambo expressa fácil a paixão,

Denota claramente o que eu sentia,

No momento em que versos escrevia,

No sangue doce de meu coração;

No sangue amargo do negado amor,

Na mente impura, que palavras mói,

Na dor acesa do intenso desamor,

Na frustração, enfim, que tanto rói,

Meus sentimentos obrigando a expor

E tão serenamente me destrói...

O verso iâmbico ou jâmbico, o iambo ou jambo possui um pé poético de sílaba breve e longa, ou átona e tônica, adequado ao português. Iatrogênico, naturalmente, se refere a uma doença causada pelo próprio médico, a dor provocada pelo próprio poema ao ser redigido.

METROS GREGOS VII – O METRO SÁFICO

A PIRA DE SAFO

Ainda sinto o toque de teus lábios

nos ossos de meu rosto, tal o básico

sabor de um sonho, que me mantém só,

afastado do orgulho, como os sábios.

Ainda sinto o beijo dos teus olhos;

em minhas narinas eu conservo o fálico

ardor de um sol que já se fez em pó,

sol de madeira, sol dos santos óleos

que teu sudário absorve, uma resina

fluindo na fumaça, nesse pálido

odor que me enche o peito e não faz bem,

que a solidão imensa descortina.

Quiseste-me cremar, cremo-te agora:

as chamas te consomem, quão inválido

sente-se aquele que hoje aguardar tem

o apagar da flama que te leva embora.

A deusa te levou, nessa freqüente

escolha aleatória, nesse mágico

soprar da vida o fio fugaz, enfim,

e eu fico aqui, nos versos impotente.

Depois de contemplar-te o rosto exangue,

queria enfim, neste momento trágico

[morreste por um outro, não por mim],

apagar esses fogos com meu sangue.

A "estrofe sáfica"é a métrica criada por Sappho [Safo], que escrevi sob o ponto de vista de Alceu, durante a cremação dela, que era bem mais moça e lhe deveria ter sobrevivido. É um ritmo difícil, alternando versos endecassílabos de pé [final] troqueu [tônica+átona, portanto paroxítonas], dáctilo [tônica mais duas átonas, portanto proparoxítonas], espondeu [duas tônicas finais, praticamente sem correspondente em português, portanto dois monossílabos ou uma oxítona seguida de monossílabo] e um troqueu final. O esquema rítmico é ABCA ABCA, um ritmo realmente desusado em português.

METROS GREGOS VIII ---

HEXÂMETRO DACTÍLICO

Árdua tarefa é tentar escrever um soneto hexâmetro:

É para mim afinal uma forma de expor minha argúcia;

Só não consigo é parar de tentar esse alvo, essa astúcia,

Tendo o poder de exibir tal valor até mesmo em decâmetro.

Típico seja afinal este canto de um anseio de glória;

Sólida seja por isso a visão triunfal e metálica:

Há tanta coisa a escrever na vital emoção de uma fálica,

Sólida dor e esforço da morte evitar pela história

Cômica pois, mas humana da busca da fama, da mágica,

Bem ao alcance, porém, ao tentar seduzir, intangível:

Esse destino somente aparece e se mostra acessível

Para nos dar ilusão que na vida se afasta esta trágica,

Firme também, garantia que o nada perpétuo nos traz,

Pobre consolo: a certeza que tudo em instante desfaz...

O hexâmetro dactílico requer seis tônicas por verso, terminando em um dáctilo [proparoxítona], com o detalhe que a primeira sílaba de cada verso, o ársis, deve apresentar também a primeira das seis tônicas. Não vou tentar este ritmo outra vez, salvo se vier pronto lá de dentro, como ocorreu hoje de manhã, o que fez jogar fora o rascunho laborioso de ontem. Mesmo assim, é um poema apolíneo. O ritmo, naturalmente, é tam-patatam-patatam-patatam-patatam-patatam-tamtam e me lembra o rufar de tambores junto ao cadafalso.

METROS GREGOS IX --

SONETO EM VERSOS SÁFICOS

Todo o amor, afinal, tem alma alada:

Em sua ânsia, por fim, quer a volátil

Busca órfica; pois apenas táctil

É essa última ação, tal qual a fada

Tem apenas anil, tingindo o vento:

Só se enxergam por fé tais sons de bruma,

Meigo hálito, lei tal que me consuma

Pura e tácita luz, qual um portento...

Doce e ácido, um ar, um silvo lento,

Traz assim, neste amor, um alvo em branco:

Claro e áspero... Também fúlgido e raro.

Ai de mim!... Que lancei, em tal intento,

Todo o sangue; e afinal, se não estanco,

É que ainda quero um tal pendor amaro...

naturalmente, isto foge ao ritmo natural e dionisíaco geral de meus poemas e tem de ser lido em voz alta para oferecer a devida apreciação: o esquema de rimas é ABBA CDDA CEF CEF e o ritmo é tamta, tamtata, tamtamtamta, tamta, embora seja permitida alguma inserção de sílabas átonas; todos os pés são troqueus, isto é, paroxítonos, o que é normal em português, embora o ritmo não o seja. bill.

Abaixo se encontra A PIRA DE ALCEU, em estrofes hendecassílabas. O próprio poeta, Alceu, escrevia poemas com métrica irregular. Eu compus as primeiras quatro estrofes da maneira regular, dois dáctilos seguidos de dois troqueus, depois o poema tomou o freio nos dentes, libertou-se e saltou para pés diferentes, na maioria troqueus com um eventual anapesto, mas como o criador também fazia assim, sinto-me no direito de repeti-lo. O esquema de rimas é ABCC ABDD..

METROS GREGOS X -- A PIRA DE ALCEU

Passados anos de um destino álgido,

Também morreu Alceu, que vira a mágica

Fervescência do mosto em cálices de vinho

E se pusera a cantar o comezinho

Sabor dos simpósios e em seu fúlgido

Verso revisara a inteira vida trágica,

Cantando o amor, a luz, a luta, a guerra,

Em seu vigor marcial, por toda a terra...

Teve paixão por Safo e, coribântico,

Em toda vez que dava um espetáculo,

Declamava-lhe os versos; que às mulheres

Era vedado apresentar-se, porque seres

Inferiores não o podiam, em tal cântico,

Por mais valioso que fosse o seu tentáculo;

Ante os versos que fazia, preferência

Dava aos de Safo, que maior potência

Via neles que nos seus; fisicamente

Nunca a possuiu: foi como filha;

E pretendia lhe deixar a lira

E a faixa de poeta, aquela tira

Com a qual os vates gregos, permanente,

Cingiam as suas testas, marco e trilha

De que se haviam a Apolo devotado

Ou a Dionysos... e a vida consagrado

A declamar e a redigir poesia...

Foi assim com Alceu, por longos anos...

Descreveu a história de seu povo,

Perpassando a decadência e seu renovo.

E então, Safo morreu... E uma elegia

Nem sequer redigiu, pois desenganos

Marcaram de sua vida os finais dias:

Alceu pôs-se a beber as melodias...

E agora, morre Alceu: trazem-lhe a lira

E a faixa de poeta cinge a testa;

Um de seus filhos é quem lhe traz o facho:

A chama se ergue, no alto se arma um cacho

De pálida fumaça e, sobre a pira...

Disseram os presentes nessa festa

De cunho funerário, formou o belo

Rosto de Safo, que vinha recebê-lo...

E creio até, que nessa névoa insira

O fulgor trágico em canção de giesta;

E que essa sombra, perdida na amplidão,

Tivesse vindo entregar-lhe o coração.

METROS GREGOS XI --

UM SONETO EM PEQUENO ALCAICO

Antes que os gélidos ventos cheguem,

Antes que as pútridas preces subam,

Antes que hipócritas faces neguem

Quem quer que seja o deus a quem entubam

Frios cartuchos em odor de incenso,

Para subir, entre volutas ágeis,

Quero cheirar, sem temor, este tenso,

Acre perfume, nessas taças frágeis,

Nitidamente, oferecer-me o vinho,

Sólida mesa recoberta em caldos,

Pois meu estômago me alenta mais que os deuses...

Quero fazer em um plectro o espinho,

Quero cantar do amor os tristes saldos,

Antes de dar-te os meus finais adeuses...

O ritmo denominado pequeno alcaico é formado por dois dáctilos e dois troqueus, em versos decassílabos e soa tamtata tamtata tamta tamta. O tema escolhido corresponde justamente às temáticas preferidas por Alceu.

METROS GREGOS XII

SONETO EM GRANDES ALCAICOS

Quem assim tem ampla vocação em uma tal batalha,

Deve ter seu próprio coração em tal ardor provado,

Não se encher, por força de um amor, que até espalha

A impressão de que a paz, nessa ilusão, seja um ideal sagrado...

Sem sequer ter antes avançado em tal viril ataque,

Nem poder relembrar o clangor varonil do combate;

É mister retornar, revestir-se do risco e do saque:

Ênia espada, elmo forte e couraça que o peito empate.

Surgem lanças e tranças, capacetes em fera harmonia;

Talham sem lei ou trás poderosas, altivas falanges,

Em esguichos jorrando, esvaem-se em rubro sangue;

Chão de ossos e entranhas a deixarem, em pura elegia,

Sem quartel dar, nem ao menos pedir, nesse prélio exangue,

Mas heróis, em tal exultação desse gume de alfanges...

o verso grande alcaico caracteriza-se pela irregularidade, mas compõe-se basicamente de seis pés poéticos, troqueu, espondeu, anapesto, dáctilo, troqueu e troqueu. a temática é puro alceu, cantador de batalhas e guerras, mas também do amor, do vinho e dos simpósios, onde sempre havia musica e poesia e se falava em filosofia e história. o ritmo é inquietante: tamta-tamtam-tamtata-ta-tamtata-tamta-tamta e lembra a marcha da falange, lanças em riste, os pés chapinhando na relva, mas em tambores. a cesura é inconstante, oscila de um ponto para outro do verso e torna o ritmo irregular. o próprio alceu modifica os pés poéticos segundo o impulso do momento. abçs bjs bill.

METROS GREGOS XIII --

TRIBRÁQUICO TRAUMÁTICO

Apenas cantarei na meiga exultação

As vagas emoções que, em vida, constatei;

O que pensei de amores depressa te direi

Nos dardos emplumados da simples ilusão.

A gente se acredita em nuvens de energia;

O mundo inteiro é nosso, o pé não toca o chão;

As pessoas que vemos não passam de impressão;

Existe um rosto só e é quase cirurgia

Dele afastar-se: completa amputação;

As vistas ficam cegas e nada mais se faz

Que pensar nesses olhos, visão quase fugaz;

Ouvidos dela cheios e até a respiração

Se inala e exala sempre no perfume de alguém

Que mais se quer ainda, porque nos quer também.

O pé tribráquico, como refere o nome, tem o ritmo tatatatam, três sílabas breves, as duas primeiras pertencentes à thesis anterior e a final apoiada na ársis que encerra o verso; um ritmo, portanto, masculino, segundo classificam os poetólogos, aqueles carinhas que não sabem escrever versos e criticam os dos outros. No poema de um único pé, somente as quatro sílabas finais contam para a tribraquicação. Mas seguirá depois um soneto trímetro tribráquico, ou seja, três pés por verso, culminando na ársis. abçs bjs bill.

METROS GREGOS XIV ---

SONETO EM METRO TRIBRÁQUICO

Quero essa visão que eu tive um dia reviver:

Olhos na espera de obter qual se sonhou,

Olhos que a viram nessa esquina, que mostrou,

Rápida suas vestes se erguerem, em lazer

Vápido e impuro; dessa brisa é o prazer:

Não foi um doce beijo, foi o vento que a beijou;

Não foi um suave toque, da coxa levantou,

Quase em desnuda, mas então, ao perceber,

Pronta recobriu-se a lisa pele, na atração

Pura de um recato, que de fato, saberia

Mais alcançar em seu pudor, fascinação

Qual indiferente, nessa simples sedução,

Fosse ao olhar, que nessa esquiva salmodia

Simples provocasse, em mistério, gestação.

O soneto tribráquico é um trímetro, com ársis inicial e final, portanto em rimas chamadas masculinas, pela oxitonação do verso. o ritmo é tam-tatatatam-tatatatam-tatatatam. lembra a introdução de ET MAINTENANT? de gilbert bécaud? é um ritmo relativamente fácil em português e acho que vou experimentá-lo de novo, mais adiante. só não gosto da ársis inicial, que endurece o verso. talvez com anacruses... love, bill.

METROS GREGOS XV

SONETO EM HEXÂMETRO ESPONDAICO

TALVEZ PORQUE AMOR NÃO FOI MAIS QUE UM SONHO VÃO E MÁGICO,

TALVEZ PORQUE A DOR FOI, SIM, BEM SUBJACENTE E VÁPIDA,

TALVEZ PORQUE A VIDA, ENFIM, FOI EM CENÁRIO TRÁGICO,

SABOR AGRIDOCE E VAGO NUMA PAIXÃO TÃO RÁPIDA;

TAMBÉM PORQUE AMOR NÃO É LÍQUIDO SONHO FÚLGIDO,

TAMBÉM PORQUE A DOR ATÉ TRAZ À MEMÓRIA EM HÍSPIDO,

TAMBÉM PORQUE A VIDA EM FÉ SOFRE PUDOR MAIS TÚRGIDO,

EU QUIS RENUNCIAR AMOR, MAS ENCONTREI UM RÍSPIDO,

FUGAZ REVELAR, ASSIM, DO FERO DEUSINHO FÁLICO,

VERAZ INSISTIR, TAMBÉM, QUE FORA AO SEU MANDAR IMPÁVIDO,

FEROZ DESFERIR DE FLECHAS, POSTO LANÇADO EM CÚPIDO,

ALÇAR CASUAL DE PLUMAS, SENDO PORÉM, EM FÁRSICO

LANÇAR PARCIAL DE DARDOS, TENDO UM DESTINO ESQUÁLIDO:

APÓS SOFRIDO O GOLPE, NÃO TER QUALQUER ANTÍDOTO.

O HEXÂMETRO ESPONDAICO, CONFORME DIZ O NOME, TEM SEIS PÉS POÉTICOS, UM IAMBO, UM ANAPESTO, UM ESPONDEU, UM CORIAMBO, UM ESPONDEU E DÁCTILO OU ESPONDEU FINAL. COMO TODO HEXÂMETRO, TEM UMA SÍLABA VOGAL, ISTO É, OSCILANTE, QUE PASSA DE UM INTERPÉ PARA OUTRO E UMA CESURA IGUALMENTE IRREGULAR. O RITMO É TATAM-TATATAM-TAMTAM-TAMTATATAM-TAMTAM-TAMTATA [ou final TAMTAM, dependendo da escolha do pé final entre espondeu ou dáctilo] É UM RITMO MUITO INCOMUM EM PORTUGUÊS, ESPECIALMENTE DEVIDO À SILABA OSCILANTE, QUE DEVERIA DAR ESPONTANEIDADE, MAS TEM UM EFEITO UM TANTO ANQUILOSANTE... MAS SEMPRE FOI UMA EXPERIÊNCIA. BJS. BILL.

METROS GREGOS XVI

SONETO ANACRÚSICO

Finalmente percebi, depois de tantos meses,

esperando alcançar um meigo e manso amor,

desejando só ela... que todo o meu ardor

desertos se tornara em múltiplos talvezes.

Porque não desejava, enfim, ser satisfeito;

era tão só a busca de uma intimação:

de um túrgido esplendor; tão só motivação

para forçar inútil a arte de meu peito...

Pois assim impugnava, em petição, direito:

nivelava em minhalma um tal ideal desfeito,

conseguia fingir para mim mesmo um tal

emotivo fulgor -- que mil versos jorrasse,

de um vigor, afinal, que a mim mesmo espantasse,

por saber que esse amor era apenas imortal.

No soneto anacrúsico, as duas sílabas iniciais são breves (átonas) e o verso só é considerado para fins de métrica a partir da ársis, que é a terceira sílaba e a primeira

sílaba longa (tônica).

METROS GREGOS XVII

ODE ANACREÔNTICA

Cantarei também aqui o vinho.

Beberei aqui também a vida,

Férvida a atiçar ação contida,

Fálica em poder de rosa e espinho.

Para que, só no vinho que se agita,

Viva meu coração, em amor ardente;

Fúlgido é o cristal e tão potente

Quanto é pequeno o sonho sibarita.

Simples é seu bojo, meu destino:

Beberei toda a taça, sem cuidado;

Amor não quero: o coração alado

Prendeu-se a ti em feio desatino.

Eu quero agora é o odre redolente

A encher-me o coração impenitente.

A ode anacreôntica era mais longa, mas foi aqui resumida em forma de soneto. o importante aqui são as cabeças dos versos, correspondentes a pés gregos: o primeiro quarteto é iniciado por dois anapestos e dois dáctilos; no segundo, são dois anapestos e um dos dáctilos substituído por um terceiro anapesto; nos tercetos, alternam-se troqueus com anapestos. o restante de cada verso é formado por dois iambos e meio. A temática é idêntica à adotada por Anacreonte.

METROS GREGOS XVIII -- METRO ADÔNICO

DIGO EM FRÊMITO: VEM JÁ, VEM SÓ!

FALO CÁLIDO: VEM SÓ, VEM JÁ!

TRAGO FÚLGIDO: MEU BEM, CÁ ESTÁ

FÉRVIDO O PEITO: SOU TEU.

VENHO EM TRÍPLICE: VEM, SIM; SIM, VEM!

ÂNSIA MÁGICA: SIM, VEM; VEM, SIM!

QUERO PRÁTICO: TE VER, ASSIM

TÚRGIDO BEIJO: NÃO TEM.

OUÇO TRÁGICO: EM VÃO, POIS NÃO

SONHO RÚSTICO: POR MIM CONSTRÓI

TRISTE E FÁLICO: É POR TI QUE SÓI

CÂNDIDOS GOLPES: QUE, ENTÃO,

FIRMES E TÉPIDOS: ME MOEM, ME DOEM

TORPES E SÁDICOS: POR TI, POR MIM,

NADA É ETERNO: POIS DIAS, SEM FIM

PÁLIDOS DENTES: ME ROEM.

O metro adônico é formado por estrofes de quatro versos. os três primeiros compostos por quatro pés: troqueu, dáctilo, espondeu, espondeu; e o quarto, por três pés: dáctilo, troqueu e espondeu. o ritmo é tamta-tamtata-tamtamtamtam e depois tamtata-tamta-tamtam.

METROS GREGOS XIX

DITIRAMBO

Oh, Gastro e Baco, vinde até minha mesa!

Partilhai com prazer do meu festim!...

Quero assistir vosso prazer, enfim,

Pelo alimento que, tenho certeza,

Por graça vossa quase desmorona

Destes meus pratos, frutos saborosos,

Carnes e peixes, vinhos capitosos

E o mágico esplendor de uma azeitona!...

Não posso dar ambrosia,

Não tenho néctar aqui,

Sacrifício ofereci,

Antes da comedoria.

Oh, deuses, vinde agora para mim:

Abençoai meu repasto com a presença

Jubilosa do vinho, sem detença

E do perfume da carne carmesim.

Sede meus convidados e a cantar comigo

trazei-me Apolo!...

Chamai as nove musas, venham todas

sentar-me ao colo!...

Se Apolo permitir, eu as fecundarei,

com o meu canto...

Se Apolo me negar, recantarei,

com o meu pranto...

Não é dos homens, bem sei não,

Prover aos deuses...

Eles só nos devoram a paixão;

E dão adeuses...

Mas eu me atreverei, senhores:

Vinde hoje a mim!...

Honrai-me com presença e com favores,

No meu festim!...

É tudo quanto tenho para dar agora:

Minha música, meus versos, sem amor:

A mulher que mais amava foi-se embora,

Mas dou-vos meu passado e o seu odor...

Oh, Gastro e Baco, Apolo e as Nove Musas,

Embriagai-vos comigo toda a noite!...

Vós que jamais vereis da morte o açoite:

Comei comigo!...

E depois, apesar de minhas escusas,

Trazei-me as musas ao colo, uma a uma;

Que sejam elas a fecundar-me, em suma:

Bebei comigo!...

Só então a lira tomarei no braço,

Dionysos na flauta, Pan hirsuto;

Oh, deus dos bosques, este é teu minuto:

Cantai comigo!...

Apolo a cítara me porá ao regaço

E me fará tocar em metro heleno;

E então me aceitará, mesmo pequeno:

Tocai comigo!...

E as nove musas cantarão em coro

Seus versos dissidentes de elegia;

De história, ciência e som, de astronomia:

Dançai comigo!...

E Gastro e Baco e Apolo; esse deus louco,

Dionysos... E as Musas... Mais Tychéia

Irão dançar nas cinzas de uma idéia,

No meu jazigo.

O ditirambo é caracterizado pelas mudanças bruscas de ritmo e métrica, pela reiteração e cadência e pela temática vivaz e entusiástica em louvor da vida e tais prazeres que possa oferecer.

METROS GREGOS XX

SONETO EM RIMAS TOANTES

A um rimar toante vou forçar-me;

Não me é natural a turmalina

Rimar com musselina ou viridiana.

Depressa a musa chega, de estandarte

Firme na mão, em defesa pertinaz,

Da rima rica ou pobre; e não consente,

Que em rimas ilegais assim me agite;

Mas eu persisto e sou até capaz

De alternar as consoantes com vogais

E produzir efeito em carrilhão,

A cozinhar estrelas vagabundas,

Criando para mim constelação

De novas rimas, em frutos estivais,

Que num soneto a seguir serão extintas.

William Lagos
Enviado por William Lagos em 23/05/2011
Código do texto: T2987118
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