Lavra II



Eis que na lavra
Dos meus pensamentos...
Extraí pedras preciosas.

Eis que no pulsar...
Da manhã que acorda
Sentimentos
Brotaram
Pedriscos
Pedregulhos
Farelos
Areia
Peneiras
e sotaques.
No escavar
diário
da lida
do dia a dia...
Jorraram partículas, ínfimas,
Que exoram a força da natureza
Que anuncia:
Poesia e gotas
Salpicadas de encantos...

Que me entorpecem
Ao rememorar
Detalhes e cortes,
Fortes imagens...
De extremos vividos,
Da má sorte...
De muitos mineiros.
Em par em par
Na textura breve,
Das paredes do tempo.

Instalavam-se em bandos...
Em Galerias profundas,
Gargantas vivas,
Que se fulguram...
No descompassar frenético...
De ilusões e escolhas,
Reluzentes agora,
Recortando paredes,
Dos antepassados

Invadindo lençóis
Enigmas abissais,
Por vezes,
Esplendorosos,
No revés,
De fissuras
E calcificações,
Dos próprios medos.
Incontido diria,
Na proporção exata,
Do que foram e construíram,
Ao longo da jornada...
Descobridora.

Lavrar, escavar,
Descobrir,
E se abrir,

Como chuva fina,
Numa noite
Esplendorosa
De orvalho
De luz
Da lua.

No negrume intrépido,
Que se instala e reflete,
No lampião carcomido,
Aceso da hora,
Quebrar,
Riscos de esperanças
Em desvelo...
Que lhe faz
Companhia...
Abrigo temporário,
Inexorável, todos os dias...

Nas grutas e galerias do medo!

Porém, inebriado estou,
Ao contemplar
Tamanhas
Preciosidades.

Que saem das fretas,
E fissuras da terra,
A iluminar e enfeitar
De diamantes...
O colo da moça bonita do patrão,
Em adorno ímpar, secular,
Que comporta, e abre,
Em flor em flor,
Beleza rara
Em forma
De amor:

A terra, à luz e à vida,
Que reluz e passa...
Como tudo...

No reflexo amargo,
Por vezes do tempo...
Que escorre mansamente.

E se mistura...
Na imensidão do céus
De sentimentos...
Amores,
Perdidos...
Que ora,
Sepultados
à revelia...
Em segredo!


Elzana Mattos
Enviado por Elzana Mattos em 21/05/2011
Reeditado em 08/07/2011
Código do texto: T2983687
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