Michelle
Michelle
Então acreditou na felicidade
Sem saber que a felicidade é uma mentira
Agora carrega em si uma dor triste
E um coração despedaçado
Talvez pelas lembranças dos sonhos
Que agora se configuram em fracassos
Sempre tristes e inertes
Michelle esta trancada no banheiro
As mãos no rosto para esconder as lagrimas
Ela tem nos olhos as cores do mundo
Mundo este que esta por desabar
E tudo que sobra é o vazio
Muitas de suas amigas já morreram
Vitimas da violência , da injustiça
Então os antedeprecivos e os calmantes
Não fazem mais efeito
Não tente , você não sabe, não entende
Michelle esta no jardim
Sentada num balanço, observando a grama
Que já não é tão verde
Os crisântemos desbotados e as margaridas já cansadas
O canto dos pássaros já não existe
A brisa que traria o perfume das flores
Deixa uma essência estranha parecida com a morte
Com os olhos baixos Michelle balança devagar
Com um livros nas mãos
Mas ela não vai ler
Pensa agora em doenças radioativas
Em crianças incuráveis
Vilipendiadas incompreendidas e descartadas
Sem um bom samaritano a cumprir o teu dever
No fim a tristeza é sempre o ponto de partida
Não há sonhos nem esperança
Apenas essa escravidão e essa dor
Ela sabe que o mundo é bem maior q seu quarto
E absorve pra si as dores do mundo
Veste-se de um cinza triste
Para que as outras cores alegrem outros olhares
Michelle esta trancada no teu quarto
Com seus livros e seu cansaço
Esse vazio ela conhece muito bem
Sabe que na vida nada é justo
E muito pouco é certo
Mas não vai deixar de existir
Encontrará o caminho mais bonito
De grama verde brilhante e flores vivas
Uma casinha de joão de barro em uma arvore qualquer
É preciso acreditar num novo tempo
Mas se os sonhos fossem realmente um balsamo
Nosso mundo não pareceria tão equivocado
Michelle tem nos olhos algumas lagrimas
Que se mescla com as corres do mundo
E o arco Iris que se forma traz uma beleza triste
Não quer ver a vida que se esvai
Como areia em uma ampulheta
Imóvel fita o céu do amanhecer ao anoitecer
Não come não bebe, está ali a dias
Talvez nunca saia