DIA 12
12.03.1998.Doce como era
Amargo como se tornou
Dia de sol e tudo normal
Se não fosse sua ausência viva e real
Toques do piano
Deslizar no violino
Altissonantes berros de um caixão lacrado
O esmo, o estro, o ermo
A repetição
A insônia que não tenho
A carne que se desmantela
Palavras inteligíveis
Ruídos, espectros assombrosos
O distante a tinir em sonoras e cálidas imagens pálidas
Vida dispersa
Alma cansada do baldio terreno e inóspito
Nem ousa arrastar-se nesse dia 12
Ponto final
Extintos os últimos vestígios do sonho
Repulsos tímidos animados pela matéria líquida que ainda insiste em circular
Prole que fica e segue em rumo ao desconhecido
Pedaços inteligentes dessa figura agonizante
Certamente um dia se abrirá esse sarcófago
Minha única certeza
A tumba
O tombo
Talvez exista descanso além desse dia 12