Dizei-me, ó Kronos!
DIZEI-ME, Ó KRONOS!
Tempo, mil vezes tempo.
Vontade. Disciplina!
Tempo para conhecer aos grandes clássicos.
Tempo para descobrir a mestres outros.
Tempo simplesmente para ler.
Tempo.
Tempo para viver Shakespeare, Goethe, Schiller!
Tempo para revisar escritos antigos.
Tempo para pesquisar.
Tempo para viajar.
Ah, tempo!
Tempo para me deitar ao sol, exausto do trabalho.
Tempo para conhecer russo, italiano, francês.
Tempo para estudar alemão, espanhol, inglês.
Tempo para fazer visitas.
Ah, que tempo!
Tempo para cuidar da memória de meu pai.
Tempo para construir um nome.
Tempo para estudar música.
Tempo para compor.
Eu, com tempo.
Tempo para responder as tantas cartas.
Tempo para cuidar da minha saúde.
Tempo para dar atenção aos cães.
Tempo para organizar a casa.
Eu, sempre sem tempo!
Tempo para existir, inexistir,
Em pouco pensar,
E tudo cogitar.
Tempo para as amizades
Tempo para a família.
Tempo para a filha.
Tempo para a escuridão.
Tempo para o silêncio.
Tempo para o som.
Tempo para a luz.
Tempo para todos;
Para mim mesmo,
Para os deuses.
Uma vez levado pelo ímpeto da vontade,
Kronos infinito, indestrutível!
Dizei-me, pois, se sou seu
Inimigo libertador
Ou tão somente
um servo eterno?