Muriel
Muriel
Quando Muriel se pôs louca,
Desesperava-se ao ver o luar
Semblante triste, de trapos a roupa
Com voz rude pôs se cantar.
Já não se enfeita com suas tranças
Enclausurou-se no ímpeto, desespero
A bruta morte, tirou dos braços a criança
Na penumbra, só ficou o doce cheiro.
Encurvada, cabisbaixa a carranca
O olhar cansado de tanto chorar
A imagem traz nos olhos a lembrança
Num emaranhado de panos a balançar.
Muriel foi em sua tumba rezar
Ouviu o filho: a sorrir e soluçar
Beijou-lhe a campa, com a cabeça a variar
Ali mesmo ficou sem nunca mais voltar.
Muriel- ficou louca depois da morte de seu único filho, pois não poderia mais engravidar.
Por Selma Braga.