Muriel

Muriel

Quando Muriel se pôs louca,

Desesperava-se ao ver o luar

Semblante triste, de trapos a roupa

Com voz rude pôs se cantar.

Já não se enfeita com suas tranças

Enclausurou-se no ímpeto, desespero

A bruta morte, tirou dos braços a criança

Na penumbra, só ficou o doce cheiro.

Encurvada, cabisbaixa a carranca

O olhar cansado de tanto chorar

A imagem traz nos olhos a lembrança

Num emaranhado de panos a balançar.

Muriel foi em sua tumba rezar

Ouviu o filho: a sorrir e soluçar

Beijou-lhe a campa, com a cabeça a variar

Ali mesmo ficou sem nunca mais voltar.

Muriel- ficou louca depois da morte de seu único filho, pois não poderia mais engravidar.

Por Selma Braga.

Selma Braga
Enviado por Selma Braga em 09/05/2011
Código do texto: T2959921
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