OS GRANDES APRENDIZADOS

O grande lago no centro do jardim

De farta vida fervilhava

Acolhedor reduto, em nada ameaçava,

Os peixinhos numa ociosidade sem fim.

Entregues à gula, a preguiça e a tranqüilidade,

Pouco restava “a um” menos favorecido,

Que ali vivia amedrontado e oprimido

Sem entender tanta desigualdade.

O peixinho vermelho, vítima de tanto tormento,

A situação estuda para uma possível mudança,

Analisa, investiga e se lança,

Em busca de nova vida, novo rumo, novo momento.

A passagem estreita rumo a correnteza

Demandou certo desconforto e sofrimento,

Mas inebriado de otimismo e bem atento

Deixa-se levar pelas águas do desafio, do contato com o novo, da incerteza.

A feliz insatisfação sentida

Mostrava numa visão ampliada

Sua vida tão hostil.

Decidido em mudar a situação

Coloca suas forças interiores em ação

E em busca de outras experiências partiu.

Em breve num grande rio se delicia

Tantas paisagens maravilhosas dantes nunca vista

Habitantes dali o aconselham, o estimulam, para que não desista,

Facilitando assim a caminhada que se inicia.

As esperanças renascem, reacendem com o incentivo, e com união,

Estimulando a auto-estima e a motivação

Num momento crucial.

É o caminhar com os próprios passos,

É o desatar dos nós, dos laços,

É o aprendizado de que não estamos sozinhos afinal.

Encantado pelas conquistas que se arvoram,

Agora é a vez do mar atingir,

Mas, fascinado pela paixão de tudo descobrir,

Não percebe as armadilhas que rodeiam e apavoram.

Tragado como alimento por enorme baleia

Ao “Deus dos Peixes” profere ardorosa oração.

E é atendido, vindo o socorro, a salvação,

E a escuridão sentida em breve se ilumina, se clareia.

Atento as realidades e aos riscos eminentes,

Constrói as bases para manter-se sobrevivente:

O resumo de tantas coisas aprendidas.

Identificar os perigos, respeitar os limites, evitar tantas tentações.

A força da prece é o precioso alimento contra quedas e perdições,

O medo ensinando a preservação da vida.

Faz muitos amigos neste novo ambiente,

E se recorda do início de sua trajetória de dor.

Sabe que somente no mar o futuro é mais seguro, mais animador,

Sem a ameaça de estiagens tão pavorosas, tão freqüentes.

Pensativo naqueles que ficaram para trás,

E deliberando dividir tudo que aprendera,

Empreende retorno às origens onde vivera

Para falar de sua aventura e o que cada um é capaz.

No lar primitivo busca os velhos companheiros,

Contando com a admiração e o entusiasmo geral,

E percebe que sua ausência não foi sentida afinal.

Tudo permanecia no mesmo padrão costumeiro.

A descoberta dos valores e das potencialidades,

Coloca a benevolência e a caridade

Em primeiro plano

Tudo perde o valor

Quando se deixa de praticar o amor

Com tudo que nos relacionamos.

Deslumbrado, o caminho àquele mundo líquido e sem final,

E de tanta diversidade, tenta ensinar.

Outros porem, não contendo a ironia, o sarcasmo passam a duvidar:

___”Nosso lago é o centro do Universo e não há em outro lugar vida igual”!!!

Expulso, retoma a viagem de volta, desprezado,

Sabe que o tempo é agente da mudança, instrumento de correção.

...E a grande estiagem que trouxe grande seca e total desolação,

Fez perecer toda a comunidade daquele pequeno lago, na lama afogados.

Da resignação vem o respeito das escolhas individual de cada ser

Se certo ou errado só o tempo se encarregará de dizer.

È a Justiça Divina!!!

O choro e o ranger de dentes,

É a paga dos invigilantes, dos imprudentes,

No repouso eterno da rotina.

À alguns “passos” do diminuto “mundo” que nos tem abrigado,

Uma outra vida, intensa e bela resplandece.

Encontrar a passagem de acesso é difícil, pois carece,

Do renascer de outro ser interiormente transformado.

Permanece o barco da vida no “Mar da Tranqüilidade”

Indiferente à mudança dos ventos, das intempéries, das tempestades,

Ancorado numa eterna calmaria.

O enfrentamento das águas revoltosas e turbulentas,

Traz o aprendizado ao ser que aceita a tormentas

E experiência ao grande desafio desta fascinante travessia.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 10/04/2011
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