Auto-Psicanálise
Quando o Inconsciente engendra barris ecumênicos de hereditariedades a priori,
Dinamizando e produzindo tantas riquezas ignotas
Nas ilhas tenebrosas e fecundas da mente,
Tangendo com os lábios as guimbas das Percepções Subliminares de si e da Vida,
As quais aspergem carícias nos sons primitivos da Pureza,
Maculada pelos bordeis sacralizados da Razão.
Os Cardinais se multiplicavam nos fracionamentos ordinários
Da Matemática sinuosa, reticente e mitificante.
O Indivisível fragmentou-se nas rochas eqüiláteras do Divisível,
E o conjunto dos números hipoteticamente Reais
Mergulhou nas vísceras vulcânicas das Oposições do Auto-Negativo,
Nesse labirinto retilíneo de empirismos subjetivados.
O Igual se banha das Diferenças,
Pois as Idéias são multiplicidades factícias
Que se catalisam nas problematizações e soluções.
O Mundo dorme no leito indolente da Virtualidade neocontemporânea,
Os arqueólogos enterram a História com os fósseis da Mentira,
Enquanto falanges de republicanos e democratas,
{Unidas no céu com Deus-Pai, Deus-Filho, e a Virgem maculada Maria}
Embriagavam-se de Prazer e Sadismo líquidos
Na noite cristã e carnavalesca de São Bartolomeu,
E o rio Sena chorou lágrimas de sangue ao acariciar
Os incontáveis cadáveres atirados com tanto orgulho
No fluxo de suas águas antes cristalinas.
Os Três Palhaços de Perséfone retalharam os sorrisos das crianças
No picadeiro teorético dos 24 Anciãos da nova Jerus-álem:
Esta nossa suntuosa Mãe-Prostituta que copula
No Cio das concupiscências com as bestas e os falsos profetas
Que cantam e dançam nos túmulos de tua alma orgânica.
Cada Persona é possessa por funções individuais e coletivas;
O Arquétipo da “anima” é masculinizado hermafreudianamente;
O Espírito Santo sodomiza o arquétipo do “ânimus” nas personas internas petrificadas
Pelas víboras das animalidades múltiplas de cada ser humano.
As sombras projetadas da “anima” foram apagadas
Pelo Hermes psíquico que as projetaram no objeto despossuído.
A confrontação do “Eu-Tu” e do “Tu-Eu”
Nos portos desconhecidos dos Cosmos mentais
Foram auto-transferidos para si mesmo;
Entre os chacais que gralham nas ruínas apolíneas de minha alma,
Nesta unicidade positivista do Ego migrando
Para as ruas inacessíveis de suas origens Mito-Lógicas.
O Self inequacionava todas as harmonizações desarmônicas da Personalidade,
E descentralizava nos tufões sistêmicos do Ser
Os arquétipos policromos na Trans-Consciência.
Os Passos que bramavam dos Complexos libertavam
Traumas e percepções nas grutas druidas que harpeavam o nosso auto-desvelamento
Em nosso próprio corpus alienum que se teoriza haver ou negar.
Contudo o Verbo se fez Carne,
A carne da alucinação, loucura e dogmatização peregrinou entre nós,
E se prostituiu nos altares castos de nossa alma,
Ainda tão resplandecentes nas placentas de nossas mães.
Gilliard Alves Rodrigues