Fúria incontida...
No caos da solidão
O silêncio é comoção
Trabalha a sua dor
E grita bem alto
No íntimo oculto
O que era um sussurro
Saltita ao pular o muro
Abre no pomo do peito
Em um sofrido gemido
Como a explodir o medo
Que estava escondido
Não há mais segredos
E o corpo agora responde
O que dele se desprende
Em leve e breve momento
Dá-se repentino espanto
E as pernas bamboleiam
Alquebradas em arpejos
Há uma mutação em ação
Metamorfose de desejos
Ser que se liberta dos grilhões
Sombras e sonhos tomam forma
Penumbras ganham contornos
Fantasias assumem os lençóis
A povoar o véu das noites
É o mergulho oceânico
Dos prazeres vulcânicos
Perdidos entre o sentir concreto
Em cenário de pulsar abstrato
Nudez despida que se oferece
Vencida pelos atos e desacatos
Intrépidos sentimentos enlouquecidos
Que orvalham a carente madrugada.
Hildebrando Menezes
Nota: Em homenagem ao dia da poesia