Nunca estarei só...
Não estou só...
Porque sei levantar
E sacudir o pó
Ainda que a solidão teime em me sequestrar
e meus dias amanheçam calados
Mesmo assim dou a volta por cima
E agarro-me à melhor companhia
Que nada mais é que a própria poesia
Fazendo do tempo o algoz de meu sorriso,
inserindo lacre no fosco de meu rosto,
Assim estou sempre de sobreaviso
Dou um nó na tristeza e só disso preciso
Sem aviso, de improviso, de mal gosto,
realçando marcas que se mantinham abrandadas,
enfrento as pedras que tropeço pela estrada
Apagando de meu álbum, fotos de pessoas amadas,
que ficaram pelos caminhos de nossa jornada,
ainda assim não me sinto só.
Dou de mim o melhor sem sentir dó
Com a alma na ponta das mãos e do gogó
Abro o meu coração com paixão e vibração
Mesmo que dos sonhos reste apenas um,
não o deixarei que morra, cultivá-lo-ei,
Para que se transforme em realidade
Cultuo o melhor da simplicidade
Pois sei que sonhando, sobreviverei...
Ainda que as emoções se tornem mais amenas
Vou vencendo cada uma das minhas penas
E nesse embalo vivo escrevendo meus poemas
Obedecendo o ritmo de minha limitação, apenas,
seguirei em frente, rumo à superação,
Desse jeito combato a intrusa solidão
Mesmo que para isso ande na contramão
E mesmo só, nunca estarei só...
Porque a tenho comigo nesta suave magia
Dormirei, sonharei, brincarei com a fantasia,
Que nasce, cresce e morre todos os dias
Caminhando de mãos dadas com a poesia.
Duo: Carmen Lúcia e Hildebrando Menezes
Nota: Dueto em homenagem ao dia da poesia