Belo Belo
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
Manoel Bandeira
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
A serventia das coisas
Eu sei de muitas coisas, sei de coisas e de coisas,
No entanto, tantas coisas, qual serventia tem?
Senão as despeço para o fundo das memórias das coisas ditas
Penso vez ou outra, em gritar coisas que estão na ponta da língua!
Mas, que coisa eu vou dizer?
Se tudo já foi dito por gente que sabe das coisas
Eu tenho coisas que percorrem dia e noite às estradas
Dos meus pensamentos, são coisas importantes!
Sim importantes coisas a serem ditas, pois estão cansadas;
Destas viagens por este mundo vazio que é meu cérebro delirante,
Tais coisas tem sede de horizontes floridos e caminhos garridos
Mas,
Minhas coisas, qual serventia tem?
Se nestes mundos; coisas a serem ditas, é o que se tem,
E todos dizem das suas coisas...
E de coisas ditas e coisas ditas
O mundo já esta ficando interdito
Vou-me embora para pasargáda
Lá eu me calo e minhas coisas
são réstia de céu na janela entreaberta
Tanto faz como fez é só réstia
de uma luz que logo se cerra
Vou-me embora Manoel,
dá-me teu braço!
Pois na tua poesia eu me disfarço.
imagem: Navio no canal da barra de Santos
Foto: Olimpio de Roseh
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
Manoel Bandeira
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
A serventia das coisas
Eu sei de muitas coisas, sei de coisas e de coisas,
No entanto, tantas coisas, qual serventia tem?
Senão as despeço para o fundo das memórias das coisas ditas
Penso vez ou outra, em gritar coisas que estão na ponta da língua!
Mas, que coisa eu vou dizer?
Se tudo já foi dito por gente que sabe das coisas
Eu tenho coisas que percorrem dia e noite às estradas
Dos meus pensamentos, são coisas importantes!
Sim importantes coisas a serem ditas, pois estão cansadas;
Destas viagens por este mundo vazio que é meu cérebro delirante,
Tais coisas tem sede de horizontes floridos e caminhos garridos
Mas,
Minhas coisas, qual serventia tem?
Se nestes mundos; coisas a serem ditas, é o que se tem,
E todos dizem das suas coisas...
E de coisas ditas e coisas ditas
O mundo já esta ficando interdito
Vou-me embora para pasargáda
Lá eu me calo e minhas coisas
são réstia de céu na janela entreaberta
Tanto faz como fez é só réstia
de uma luz que logo se cerra
Vou-me embora Manoel,
dá-me teu braço!
Pois na tua poesia eu me disfarço.
imagem: Navio no canal da barra de Santos
Foto: Olimpio de Roseh