a vida de menelau
Não admiro a vida
Não admiro a morte
Amontoado de moléculas
Orgânicas que se movem
Não me aprovem
Não me desaprovem.
"Eu, filho do carbono e do amoníaco" (*)
Apenas, ajuntamento ordenado
Desordenado?
Se subs-tâncias orgânicas
Filho do núcleo das estrelas
Distonância do universo.
Sou verme dos vermes
E mesmo assim, nutro,
Nutro mnha repugnância
Aos meus irmãos.
Sou falácia, não solução,
Sou destruição, não construção,
Sou ódio, não amor,
Sou fedido, não doce odor,
Sou substância, não essência,
Sou amontoado de carencias,
Sou brutal...
Animal...
Irracional!...
E no final
Em decomposição, volto
À minha condição,
Um verme em putrefação
Alimentando outros vermes
Dos quais sempre fui irmão.
Eis a vida, as vidas
E, é assim a vida de Menelau
E da Poetisa, a vida não é igual!?
(*) Augusto dos Anjos - Livro Eu, fragmento do soneto Psicologia de um vencido.