a vida de menelau

Não admiro a vida

Não admiro a morte

Amontoado de moléculas

Orgânicas que se movem

Não me aprovem

Não me desaprovem.

"Eu, filho do carbono e do amoníaco" (*)

Apenas, ajuntamento ordenado

Desordenado?

Se subs-tâncias orgânicas

Filho do núcleo das estrelas

Distonância do universo.

Sou verme dos vermes

E mesmo assim, nutro,

Nutro mnha repugnância

Aos meus irmãos.

Sou falácia, não solução,

Sou destruição, não construção,

Sou ódio, não amor,

Sou fedido, não doce odor,

Sou substância, não essência,

Sou amontoado de carencias,

Sou brutal...

Animal...

Irracional!...

E no final

Em decomposição, volto

À minha condição,

Um verme em putrefação

Alimentando outros vermes

Dos quais sempre fui irmão.

Eis a vida, as vidas

E, é assim a vida de Menelau

E da Poetisa, a vida não é igual!?

(*) Augusto dos Anjos - Livro Eu, fragmento do soneto Psicologia de um vencido.

Menelau
Enviado por Menelau em 04/03/2011
Código do texto: T2827763
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