ETERNA DÚVIDA

Acordo,

mas não renovo o pacto

com o sono,

que dá o sonho,

mas rouba o tempo.

Necessito

ter a mínima esperança

de que realmente

nada se perde,

mas se transforma,

o que faria valer a pena

cada momento

da alma desperta.

Temo ser

apenas a dúvida eterna,

plantada pelo acaso

como armadilha

e não como farol,

para que

no fim de tudo

simplesmente

a mente apague

e o espetáculo

termine.

Tento encontrar

dentro

e fora de mim

evidências,

mas o medo

restringe,

enquanto,

embutido no úmido túnel

o olhar rebate

e só insiste,

por que maior seria

o constrangimento

de ter que se desviar

da poeira

ou da nuvem,

que agora disputam

sua atenção.

Gelada agonia

antecipa

a chegada irritante da carpideira,

injusta certeza

repetida e apregoada,

embora seria irrelevante,

se o coração

fosse da divina essência

dar parte

e testemunho.