ÚLTIMO POEMA
"Yo no critico, yo no afirmo
yo celebro!"
- Algum escritor chileno de que não recordo o nome
Este talvez seja meu último poema
Mas isso não significa que eu deixe de ser poeta
Pelo contrário,
Mais poeta serei
Pois, tendo descoberto outras formas de se criar um poema
Sem que sua essência esteja presa às estruturas dos versos
Rijos e imutáveis,
Poderei enfim ser um libertador de poemas
E, mais do que aquele que prende seus poemas em versos eternos,
É poeta o que cria algo que, não sendo eterno, todavia,
Terá liberdade para se tranformar, para se recriar e ser recriado
Poeta não é mais aquele que escreve versos
Mas aquele que cria vida, uma vida independente de papeis
Ou letras mortas, letras múmias, letras zumbis
Eu sou um tipo diferente de poeta
Faço parte da geração dos Verdadeiros Poetas
Que vieram para resgatar o verdadeiro sentido da poesia
A poesia que não é poema - porque poesia nunca foi poema
Mas a poesia que é vida, a vida mais bela, mais original
A poesia que está nos olhos do Verdadeiro Poeta
Que está em seu dia-a-dia
Que está em sua vida, que não pode se separar de sua vida
Porque é parte de sua vida... porque é a própria vida
Ora, nada é eterno, nem a vida, nem o tempo, nem os deuses
Nem o Universo, nem a alma...
E esta é a graça de todas as coisas
E a poesia, em si, também não é eterna
E nem pode.
Os antigos poetas, esses estetas ignaros,
Tentaram prender a poesia para sempre em uma estrutura de versos
e então criaram o poema:
Pobres idiotas.
A poesia morre, o poema envelhece e perde a graça
Assim como um lindo bebê cresce, e não tem mais a graça de um bebê, nem a delicadeza nova e efémera que tem a face de uma criança recém nascida.
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