O Poste
Garoto ainda, às vezes eu andava
olhando pra trás e, de repente, batia num poste,
uma parede dura que ralhava impaciente:
“olha pra frente, rapaz!”
Depois, adolescente talvez,
via na calçada um cachorro mijando num poste,
o que não me remetia a nada
a não ser um retrato qualquer.
Mais tarde, adulto já, passei a ver
o poste como um suporte de fios
que transmitiam energia, progresso,
vozes ou conversas de alguém.
O poste passei então a considerar
como uma extensão do conhecimento,
até onde eu posso enxergar,
eminentemente limitado.
Rio, 15/05/2006