Deleite perene
Ah poesia querida, não quero o efêmero do prazer!
Quero embeber o meu espírito no que chamo de deleite – para o poeta – a excelsitude!
Quero ter uma postura, uma atitude, que fale aos anjos – em sua linguagem!
Quero um refocilo em uma paragem – em algum recanto – num clima aprazível de altitude!
Ah poesia querida, não quero o efêmero do prazer!
Para quando a dor me acometer tenha o lenitivo de um acalanto!
Dá-me a branda luz de um méleo canto – para que, embevecido, possa então sonhar!
Dá-me a paz de um meigo olhar, mavioso e doce, para exaurir da face dolência ou pranto!
Ah poesia querida, não quero o efêmero do prazer!
Quero que somente, ao entardecer, tenha o ósculo da brandura!
Tenha de um anjo, lá da altura, um estreitar, um seu afago!
Quero haurir em nímio trago a capitosidade de sua ternura!