Estrelas Sem Noite (à George Bartolo Couvert, pai de Luciana)

Vi brilhar um astro, insólito

e insolente,

Que fazia das meras coisas

da noite

A sua luz.

Vi iguais a este vários astros;

Mas o que me chamou a atenção

foi o que menos à luz era

diferente, sarcástico;

Um astro que apesar de viver

como luz, tinha

as suas manias

de não se adaptar

à ela;

Vivia errante, selvagem em sua relação;

Não queria a cor

Nem a ordem,

Sabor do amor.

Queria apenas que a luz se escondesse,

o mais breve possivel,

Pois seus olhos não tinham intimidade

com ela;

Sua forma, densa e infantil,

(frágil sob certo aspecto),

Era a seus próprios olhos a dor

de sua solidão;

Era evasivo, distante, irresponsável

para com seu universo,

Este astro diferente, que não via

a si mesmo sequer frente

ao espelho;

Era estranho, era hilário,

Era como o jogo da sedução,

mas desigual;

Fazia de si mesmo a única vítima,

Mas não se importava,

Era o que queria,

O que lhe fazia bem,

O que de alguma forma lhe compensava

a falta de uma silhueta que lhe

desse prazer,

Apesar de não se importar com

a luz.

Vi brilhar um astro de forma

estranha,

De lugar não definido

Que, por fim, seria fixado em solo

terrestre;

E por saber diferenciar a lua das

estrelas,

O astro que vi brilhar não era

nem uma nem outra,

Era a sorte de uma dor da terra que foi

vencida por ele,

E tudo o que importa é seu legado:

A partilha do calor do ventre venceu a

má sorte do desesperado;

A mão estendida da razão venceu seu medo

que se intimidou diante

da força que rege

a forma,

seu brilho e seu destino...

Geraldo Magella Martins
Enviado por Geraldo Magella Martins em 08/01/2011
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T2717544
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