Viagem
Do Capítulo Final
Mergulhou
e deu-se com vales
profundos
Mergulhou,
foi adiante
deu-se com muitas luzes,
sons, ruídos,
música, poemas e danças
explodiu...
Mergulhou e
deparou-se com
amores irmãos,
amores amigos,
amores bandidos...
não se importou
Fechou as portas, deu as costas
sorriu...
abriu o coração,
é... a chave estava lá... em caixa prateada, caixa vedada
em meio a papéis velhos
cheios de dores,
flores e fantasias...
Mergulhou,
adentrou seu mundo...
Um mergulho de ponta a cabeça na grafia,
na poesia,
na fala escrita,
no tempo,
no passado,
nas lágrimas,
no choro feliz de quem ri depois de alcançar.
Mergulhou
no desespero,
na reza,
na prece,
na oração,
na meditação...
sabe-se lá!
Mergulhou...
e teve medo, do seu mundo agora raso, agora claro ...
nem tão profundo
Se viu de tranças, girando de braços abertos sentindo o vento...
Se viu observando flores laranjas e borboletas amarelas
Se viu de meia três quartos e saia plissada...
...a infância.
Viu o tempo,
o passado, os partos e as partidas,
a alegria e as cicatrizes das feridas...
Viu uma carta bacana...
que lhe peguntava se gostaria de colorir o mundo com giz...
Ouviu Patience, quis retornar,
mas, de coração aberto apenas entendeu
que o livro fechou e nada se perdeu.
Brasília - DF, 2010.
Do imaginário poético de quem fecha uma história de vida.