"Notas soltas de um diário sem apêndice"

(Presente)

Silêncio! Ouça o novo chegando de vagar e de mansinho

Mastigando as vísceras de um passado ainda fresco

Cinzas e lembranças submersas, escombros...

É mais um janeiro chegando, carregado de portas e caminhos

O presente está a beira de nós, nitidamente distraído.

O tempo é um pescador paciente e nós somos peixinhos

A espera de sermos fisgados…

(Passado)

Do meu sonho fiz teoria

Escrevi como se fosse poesia

Se vinha a saudade sentia agonia

Fui como uma frágil flor em tempos de ventania

Arrebentei meu condão, caí na ramaria

Que ironia, minhas mãos estavam vazias

Sofria de miopia a razão por onde olhavas.

(Futuro)

O futuro é uma roupa nova que ainda não cabe em nós

Linhas, curvas perigosas

Rio e foz

Morfina, insulina

Van Gogh

E suas minas

Almodóvar, seu umbigo em meus lençóis.

(http://esferografia.blogspot.com/)

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 03/01/2011
Reeditado em 04/01/2011
Código do texto: T2706446
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