O Alfa e o Ômega
As brasas pactuais passam por entre as partes ensangüentadas do holocausto,
Selando a aliança eternizada pela justificação dos filhos da promessa,
Enquanto os herdeiros bastardos da Maldição e da Escravidão
Festejavam o bezerro de ouro nas colinas de fogo de Gomorra.
Eis o Mundo: filho unigênito da perdição e da inverdade,
E a terra (que mana leite, mel e sangue) é um santuário subterrâneo de cadáveres,
Vaporizados pela infinita e justa misericórdia de um Deus puritanista,
Ao qual a humanidade não permite que o mesmo desfrute dos deleites do pecar.
Quem serão os próximos alvos em que os homens irão atribuir
A culpa e a responsabilidade pelas angústias e sofrimentos pelos quais vivenciam?
Quais serão os novos mecanismos ablativos de induções
Para permutar as dores do vazio substancial incorpóreo?
Quando o júbilo se afoga no Jordão da mendacidade,
E a idealidade doxômana implode zigurates da alma,
Transubstancializando subjetivamente a realidade fenomênica
Com novas plataformas e edifícios de espectros conceituais,
Suprimindo a vontade insaciável do querer com o aparente não-querer ascético,
Mortificando paulatinamente todas as funções da própria essência de si,
Numa negação assistemática das volições do agir,
Migrando para o reino mitológico da paz interior do alfa e do ômega.
A erosão paulatina do desprazer desfalecendo o prazer e suas concupiscências,
Marionetes com copos de uísque a-fogados em suas tautologias intelectuais,
Escarrando com suas ironias eruditas os convencionalismos sociais e epifânicos,
Nessa translação antropocêntrica do universo ao redor de si mesmos...
E no cimo da Perdição exumei meus campos Elíseos do sentir,
Dançando no cemitério Renascentista de todas as idiossincrasias,
E toda a Existência jubilava no cadafalso vaticânico de minha indulgência,
Anistiados cada ente e ser pelo balsâmico ódio de meus demônios multipolares,
Enquanto almas são ionizadas e magnetizadas entre esses muros bipolares.
E no Terceiro Dia a Morte Ressuscitou.
Gilliard Alves Rodrigues