O Alfa e o Ômega

As brasas pactuais passam por entre as partes ensangüentadas do holocausto,

Selando a aliança eternizada pela justificação dos filhos da promessa,

Enquanto os herdeiros bastardos da Maldição e da Escravidão

Festejavam o bezerro de ouro nas colinas de fogo de Gomorra.

Eis o Mundo: filho unigênito da perdição e da inverdade,

E a terra (que mana leite, mel e sangue) é um santuário subterrâneo de cadáveres,

Vaporizados pela infinita e justa misericórdia de um Deus puritanista,

Ao qual a humanidade não permite que o mesmo desfrute dos deleites do pecar.

Quem serão os próximos alvos em que os homens irão atribuir

A culpa e a responsabilidade pelas angústias e sofrimentos pelos quais vivenciam?

Quais serão os novos mecanismos ablativos de induções

Para permutar as dores do vazio substancial incorpóreo?

Quando o júbilo se afoga no Jordão da mendacidade,

E a idealidade doxômana implode zigurates da alma,

Transubstancializando subjetivamente a realidade fenomênica

Com novas plataformas e edifícios de espectros conceituais,

Suprimindo a vontade insaciável do querer com o aparente não-querer ascético,

Mortificando paulatinamente todas as funções da própria essência de si,

Numa negação assistemática das volições do agir,

Migrando para o reino mitológico da paz interior do alfa e do ômega.

A erosão paulatina do desprazer desfalecendo o prazer e suas concupiscências,

Marionetes com copos de uísque a-fogados em suas tautologias intelectuais,

Escarrando com suas ironias eruditas os convencionalismos sociais e epifânicos,

Nessa translação antropocêntrica do universo ao redor de si mesmos...

E no cimo da Perdição exumei meus campos Elíseos do sentir,

Dançando no cemitério Renascentista de todas as idiossincrasias,

E toda a Existência jubilava no cadafalso vaticânico de minha indulgência,

Anistiados cada ente e ser pelo balsâmico ódio de meus demônios multipolares,

Enquanto almas são ionizadas e magnetizadas entre esses muros bipolares.

E no Terceiro Dia a Morte Ressuscitou.

Gilliard Alves Rodrigues

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 29/12/2010
Código do texto: T2698291
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