As vezes tenho vontade
de tomar um cigarro
e levá-lo à boca.
Como o gosto de um desgosto.
As vezes temo que passe lentamente
mais um rastro d'um insolente
mês de agosto.

As vezes sou todo eu,
as vezes, a noite
que me concebeu.
As vezes calada
a alma na sala,
atravessa a madrugada
calma e dissipada.

Uma névoa fumega
as vistas, cegando
a carne dista.
As vezes insisto
lembrar nomes esquecidos
por ora.
Nomes e fisionomias
que não se apagam da memória.

Agora, agora...
Lembranças perdem-se
como tranças meninas
de cabelos coloridos
que nem sei...

Tudo, como a existência flui.
Como fio tinto
de esperanças sucumbidas.
Ou o moribundo
que não se alegra
com a visita médica.
Agora este átimo,
agora meus átomos.

Nem com musa qualquer
alegro-me nessas horas.
Talvez se pudesse tornar
àquela que sequer conheci...

Mas deixe!
Apenas quero deitar-me
a beira de rios distantes
de meus Eus.
Pois, verifico-me um idiota
de futuras lembranças
e passados esquecidos.