O otimismo silencioso do porvir

O otimismo silencioso do porvir

É tarde demais para sorrir.

O tempo encobre o gracejo na face grave do homem maduro.

A velhice quando se aproxima traz, ao lado, fardos de azedume.

De que me valem os dias se a escuridão povoa minha alma.

Soturna sombra cambiante que atravessa os minutos vividos.

Pretendo-me profundamente silencioso, portanto.

As palavras nascem na epiderme de minha carcaça. Ressoam no vento, a esmo, como fitas de papel, penduradas em hastes de plástico;

Balançando, verticalmente e horizontalmente, como minha cabeça.

Por dever de educação, flexiono-a, sucessivamente, a todos os que me dirigem um som.

Antes o silêncio sepulcral do porvir, que conserva, no seu mistério, um otimismo duvidoso;

Que a turba, do ir e vir; legiões de seres humanos, ávidos por um pouco de felicidade; barulhentos nas suas vaidades próprias dessa espécie vivente.