A CANÇÃO DOS ANJOS

Nessa noite não dormida,
Multiplico questionamentos,
Sobre o amor, sobre a vida,
O mover dos meus sentimentos.

Nessa inquietude desmedida,
Erro passos pelas calçadas - alimento,
A alma com palavras indefinidas,
Sonho... penso que sou o vento.

Acaricio uma estrela escondida,
No sem fim do firmamento,
Roço o corpo da via Láctea estendida,
Na ausência de congestionamento.

Velejo numa poesia transcendida,
Habitado pelo encantamento,
Canto uma canção com os anjos, evoluída,
Por acordes etéreos, sagrados instrumentos.

Encontro no imaginário a saída,
Para o incompleto, concreto momento,
Atravesso a noite com a tez reluzida,
Seduzida pelo estranho comportamento.

E se uma lágrima surge distraída,
Não é tristeza; é contentamento.