EFÍGIE DE EPITAFÍASE.

Transporei as portas do mundo invívido...

Para escutar o vento sombrio dentre as copas

Ouvir os pássaros cantando aos sem vida

E na paz esvaecida encontrar a guerra,

Do silêncio sepulcral e o grito calado, preso,

No litígio entre o viver e o morrer,

Na finitude intangível dos corpos que me cercam.

E captarei as ondas do oculto

No cenário inculto da frieza existente

Permanentes lápides das lembranças de quem se foi

Ler os nomes e apreciar as causas dos que já não permanecem...

Dentre as justiças concebíveis do destino incerto, mas certo,

E os injustos laços desfeitos a quem não alcançou o mérito

De ter a plenitude que a vida traiçoeira embargara sem piedade.

Trajar as vestes da verdade indubitável

Pelos instantes imagináveis que não verei após mim...

Espreitando por entre as frestas do meu intangível descaso

Àqueles que providos de artes condolentes, lamentariam;

E depois fora o agora esquecido, a brasa que apaga

E já não se poderá reacendê-la,

Pelo que já não haveria fogo e fôlego

Para sentir o calor de quem ofegantemente se entregara.

E tantos amores perdidos, momentos interrompidos,

Trepidamente ilúcidos, escusos,

Na penumbra da luz que iluminara os corpos despojados.

Viveria o inexato, a sensação de ser um naquilo que serei

Mas não sendo, ainda, que seja o transcendente,

Imanente ao que irracionalmente a razão parece desprezar.

E no desprezo, são apenas fragmentos, nada são,

Mas são pelo que foram,

Outros são pela crença, ou pela indiferença

Do inaceitável estigma que corrói e não se quer perceber,

Mas vale fazer ser em si, mesmo não sendo...

Alguns inexistentes, em essência e em ausência

Como será que seriam ao restaurarem-se pela solidão?

Contudo, adentrarei as portas para encontrar

O reflexo que vejo de um futuro presente

E julgar o quanto posso tornar válido

Os momentos que precedem a minha hora,

Enquanto a vida passa e passo por ela

Sem saber por onde hei de passar para ali estar,

Ser como um deles e talvez saber onde é o paraíso

Das contradições irrelevantes

Que me contradizem ante aos meus princípios.

E que princípio me seria útil,

Se andarei pelas estradas indagáveis do meu percurso

Se não sei se terei o tempo preciso

Para encontrar as respostas imperscrutáveis?

Sairei pelas mesmas portas e retornarei ao mundo fálico

Pensando que devo extorquir minha mente

Para que um dia eu retorne para a eternidade,

Não sem antes, em realidade,

Construir a sinopse da metragem que não posso medir,

Mas posso satisfazer-me do enredo prático

Sem temer o há de vir, ou convir, pelo epitáfio seguinte...

E só então, a guerra termina.

PRISCILLA PAIXÃO
Enviado por PRISCILLA PAIXÃO em 16/11/2010
Código do texto: T2618800
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