Ave louca

Prefiro estar triste e introspectivo
A errar nas encruzilhadas da indiferença
Prefiro transmutar-me em uma mina de lágrimas
A permanecer calado e estático na tempestade.
 
A surra dos ventos em minhas costas.
A pressão dos pingos de chuva no meu rosto.
O sufoco da poeira seca em meu nariz.
A luz do primeiro raio de sol depois da tormenta.
 
Tudo me parece inusitado
A realidade revisitada
Sem mistérios
Diante do mistério do mundo.
 
Quero chorar até cansar
E depois rir até voar
Nas asas intensas dessa ave louca
Que chamamos, às vezes, de vida.