FASCINANTE OLHAR!
Vi o aveludado tempo vestido de cetim
Senti a carícia das horas como festim
Vi o fogo cobrindo a água de paixão
Senti a ternura envolvida em tua mão
Vi a razão enamorada da emoção
Senti a explosão sutil em comunhão
Vi o inseto trajado de verde esperança, a louvar Deus
Senti o trajeto completo do amor até se dar o adeus
Vi o pote de ouro em amarelo atômico, na ponta do arco Iris
Senti o teu corpo matando minha sede como a de um chafariz
Vi a mulher gerar esperança em seu ventre de luz
Senti a doçura da criança que sabe rir e a tudo seduz
Vi uma revoada de alvos pombos em sincronia em plena madrugada
Senti o bater das asas desbravando os ares a trazer a paz na chegada
Vi a doce flauta, em harmonia com a vibração dos lábios ecoando melodia
Senti a tua música a arrepiar-me a pele como a chamar à fina sintonia
Vi o chilrear das andorinhas em busca do frescor do inverno.
Senti a festa do encontro dessas almas em esplendor interno
Vi o clarear cintilante dos raios de sol, abraçando a solidão
Senti a penumbra iluminada invadindo as frestas do coração
Vi o canto do silêncio, aconchegando a calma do sossego
Senti todos os sons e tons maviosos a invadir o meu abrigo
Vi em ritmos frenéticos os rosados flamingos, em dança p’ra amar
Senti o balé dos cisnes na ponta dos teus pés a flutuar e encantar
Vi a lua de abril prateada iluminando as promessas de amor
Senti se postar no mar do horizonte a estrada desse luar
Vi a lua de queijo dando-se em oferta num beijo
Senti na rua a beleza tão pura dos teus desejos
Vi o fim do horror, pondo fim ao horror sem fim
Senti o dissipar dessa dor, ao se aproximar de mim
Vi o beija flor a beijar a borboleta, no orvalho da manhã
Senti a metamorfose da lagarta construindo o amanhã
Vi o rio e o mar no encanto do acasalamento em procriação
Senti o nado sincronizado dos peixes a pulsar essa criação
Vi o paraíso brotar em matizes de cores meu jardim de emoção
Senti cada improviso no aviso esboçado destes versos em oração
Vi pingentes coloridos da chuva, caindo sobre mim
Senti pelo olhar um espectro luminoso sem fim
Vi a ilusão oferecer-se dissimulada em taça de vinho
Senti em meus sonhos estas palavras de eterno carinho
Vi a realidade embriagar-se nessa taça de ilusão
Senti que sem ti vivo ébrio e só coberto de desilusão.
Duo: Lufague e Hilde