Caminhei na valsa do vento e da chuva
Correm aflitas as folhas no caminho
Arrastadas pelo vento cruel
Eu ali, no meio do nada e de tudo
Escutando seus gemidos, nas entranhas
Levando tudo que á frente aparece
De súbito, a chuva nos visita e fustiga
Meu rosto, meu corpo já enregelado...
Vejo as ondas no mar, revolto, estranho
Naquele cinzento negro, ameaçador
Escuto o sinal do farol, agudo sem parar
É hora de regressar a terra, pescadores
O mar juntamente com o vento e chuva
Vai furiosamente buscar almas no mar
As gaivotas voam sem saber onde, pousar
Escuto os seus gritos aflitos em torno da praia
O vento assobia, corre veloz sem medo
Bate a chuva, sem piedade sobre mim
Rasgando minha alma adentro, lavando...
Meus maiores pecados adormecidos
Rasga sobre o céu negro um raio
Como punição, derramando o medo
Eu ali, sem saber para onde ir...
Quis caminhar mas o vento impôs
Sobre mim a sua vontade. Sua força...
Eu não era nada... Mesmo nada...
Lembrei de Deus...Olhei para o céu....
Vi sobre mim, uma onda gigante, vir
Era a hora, o momento, o medo assolou....
Tinha que partir para o desconhecido
E que seria ? Como seria a morte?
Vejo uma luz, forte, como um sinal
Indicando um caminho, caminhei
Sobre a valsa do vento e da chuva...