Desmistificação Mitificada
As enciclopédias enfermas saturadas dos crimes insones
Que flagelam o tabernáculo paranóico do Descaso;
Na primogetura e na benção do Fêmur pictórico pilhados por Jacó,
As mechas grises das alucinações vibratórias
Que caminham no arado conspurcado pelo vinho golfado pelos Dias,
Em um mundo grávido de vícios bípedes,
Tosquiando a curva sufocante das virgens do Além.
O murmúrio pontiagudo do Joio ceifando a mácula expiada do Trigo,
Nas trincheiras ornadas de deidades entrópicas,
Quando os cânticos das Cicutas éneas
Doutrinam as catedrais pirômanas da sociedade burlesca,
Neste fluxo estagnado de línguas de fogo narcotizadas.
Enquanto a nênia dos muros violados por vândalos aristocráticos
Versejavam sobre as almas dos soldados desfigurados
Os quais borboleteavam pelos becos devaneados pela cândida Indiferença.
A Luz adormecia sob a veste diagonal do Crepúsculo
Pela borrasca diluviana entre as carícias
das nuvens peregrinas da sorumbática Mescalina.
A caneta esgazeava a congruência desigual
Dos caminhos floríferos anatemáticos,
Que naufragavam na Íris da Concupiscência.
O Som decepado que emana do afago do Vácuo
Nas folhas mortas exauridas que lacrimejam
O sangue verbalístico pelo dorso da Alma minguante.
Os pensamentos heurísticos nublados de heterodoxias
Pincelados por brisas prolépticas,
Onde o medo engaveta as palavras do genuíno amor
Na gruta do receio da dor desengaiolada;
E as orquídeas transpiram sons nefelibatos,
E senti as mandíbulas do Tempo recitarem em meu corpo holográfico
Os evangelhos da Angústia inequacionável,
Enquanto o Hades de Ser a Si-Próprio
batizava-me com rugidos nebulosos.
O incesto adâmico em todas as profissões,
A mentira convincente do Eu refletida
Em todos os espelhos, na renúncia mascarada
Em todos os relacionamentos onde o amor
É uma suposição crida e empalhada no comportamento humano;
Em todos os altares imolados em prol da Ilusão.
Eu chorei ao testemunhar os navios da subjetividade onírica
Soterrados sob os penhascos do Vácuo aquoso.
E no sétimo dia, a Mentira descansou de suas obras,
No Harém barbarístico da Ilusão.
Gilliard Alves Rodrigues