Sinai da Dor
O sorriso de Eostre nos lábios enegrecidos das crianças,
Nos ritos escandinavos financeiramente catolizados,
Mas no vôo de Hugin e Munin tangenciando o mundo epistemológico,
E pousam com os frutos do Conhecimento nos sinos ofegantes da Wahalla de minha alma.
Os alicerces semeados com o sangue proselitista dos Estandartes andrófagos,
O leme sinuoso tatuado nas retinas libidinosas
As quais bordejam no ventre soporífero de Morfeu.
A forca, ébria de Compaixão, soergue o corpo renascentista da jovem Albertine,
Adornada no leito presbíope das vigílias auto-referenciais proustianas;
Quando o Gemido casto do desejo indulto
Orvalha risos idílicos na refulgente escuridão da alma milenarista.
A Alma é uma heterônima urna babélica,
Flutuando dentro de si como notas harpeadas
Pelos dedos etéreos do Acaso calvinista.
Contudo, ao desverbalizar inúmeros verbos
Em cortejos fúnebres de elegias aromáticas,
Na aridez audível que badala o fuzilamento da Fé.
Nessas Tumbas pavoneadas de emoções e idéias em que nos tornamos,
Na inversão invertida do afogamento do Fogo pela própria Phýsis,
Atravessando brumas arenosas entalhadas pelo Herege da Verdade,
Até calcar o Vale espasmódico das Odes uxoricidas.
Havia os beijos balsâmicos de outrora colhidos pelas flores;
Havia a Infância a brincar nos bosques da Inocência;
Havia as preces suplicantes das mulheres grávidas
Perante os santos empalhados nas cabeceiras dos quartos;
E hoje o próprio Ar dessas memórias
Asfixia os olhos embevecidos de desilusão
Com arraigadas lágrimas inférteis no Sinai da Dor.
Gilliard Alves