Matusalém
Hoje sou Matusalém, deitado nas costas das sombras
Onde vi nascer anos cruéis e anos bons que foram bem vividos.
Talhei a vida a unhas
Fui a voz no deserto dos tempos esquecidos.
Com a eternidade ganha-se a inocência,
E a influência dos distorcidos.
As certezas não são importantes, nem são nossas propriedades.
Não detemos o poder, nem somos donos da verdade.
Vi Maria semear uma campo quase infinito de amores perfeitos, e colher em suas manhãs flores frias de solidões.
Feriu-se a pobre Maria entre as trepadeiras o o caramanchões.
Vi a Meduza adormecer em sua cabeça, as velhas serpentes.
Vi quando as mastigou e as prendeu entre os dentes.
Segui os antigos relógios nas paredes, armei as minhas redes
Eternizei-me em abraços, ganhei meus espaços, e agora os solto no ar…
Não há novidades no voar…
Fundi meu espírito com o espírito do tempo
No meio do pensamento
Sou como um pobre poeta, de alma aberta
Que ainda busca
Mas sou pobre, sem sal ou açúcar...