Frenesi Inerte
O vórtice etnográfico das pegadas transfiguradas pelo Tempo,
Nas rochas sistólicas exalando signos polifônicos,
Numa necrofilia eucarística de corpos claustrais meretrizados,
Enquanto a clepsidra ruge réquiens inebriantes e patogênicos,
Ao rufo de Montanhas Aureoladas.
Neste vendaval flamejante de holocaustos ignívoros,
No sono bipolar de Elias entre pedras circuncidadas,
Sob a vigília esquizofrênica do vento sussurrante.
A marcha muda do torpor velado na alma
A corroer os cadeados do claustro da Angústia;
Machados e flechas satirizavam por trás dos arbustos eólicos
Os mosquetes possessos de uniformes vermelhos.
Ondas marítimas escalpeladas por caravelas reais de assassinos e cleptomaníacos,
Sodomizando as almas inócuas dos povos nativos com a infecciosa Cruz do Calvário,
Enquanto inúmeros abutres se banqueteavam
Com a carne escura de tantas culturas exterminadas.
Exorbitante frenesi dionisíaco de pulsões sensoriais,
Nesta gangorra subjetiva da alma de dualismos paradoxais,
Entre engarrafamentos quilométricos de frustrações ignotas e carbônicas...
O deserto bucólico do rebento escolástico de Jessé até Jesus,
As afogadas reminiscências nítidas tão eivadas
Por um egipcismo zoroástrico em moldes platônicos vivificados.
A sombra ruidosa da luz áspera que pestaneja
Nas Mecas faiscantes de minha alma inóspita
Quebra-se entre os metacarpos fraturados do Ar,
Perante os olhos tipográficos da ampulheta fumegante do Destino,
E imergem nos santuários oníricos do impermeável Esquecimento.
As velas autófagas choram os gritos do Silêncio por todas as Capelas,
Onde Deus há milênios se evaporou em si mesmo.
No cais do entardecer ancorado pela saudade autotélica,
Onde a alma atira seus sonhos inanimados sobre a película das chagas do mar,
Distante das máculas cujo Pássaro da Dor vagueia à deriva,
Visando se aninhar entre os cadáveres do coração.
E havia diademas intraduzíveis no umbral das portas do Desconhecido a nos observar,
Escritos com o sangue sinfônico das ovelhas endemoninhadas pelo acordes da Noite,
Degoladas pelo cutelo masoquista de Abraão,
Ao som convulsivo das gargalhadas ópticas de seu filho Isaque,
E o próprio deus Odin se enforcou na Videira da Maldição,
Ao vislumbrar nas rochas glaciais
O reflexo insano de sua corporeidade hipotética,
Sob as abas das constelações prosopopéicas.
Dançando inertemente ao redor da fogueira de Nieban,
Nas entranhas voluptuosas do Prostíbulo da Morte,
Onde o Véu de Maia se exala inesgotavelmente de Tudo.
Gilliard Alves
Obs: Dedico esse poema a um ser único, e transcendental desse insano universo: Izzi Gomes. Te adoro muito.