Miudezas e coisas sem valia
Sou louco
Mas não rasgo grana
Não faço drama
Nem alarde
Sei que o cão se perde na mudança
E a caravana range na passagem
Que tudo tem alma
Mesmo que pequena
Que o tema
É o que faz o enredo
Se tenho medo
Isso me dá coragem
Não gosto de ficar à margem
Sou da cidade de concreto
Mas já não agüento clima seco
Estiagem
Sou escritor
Mas vivo de outras traquinagens
Sou louco
E durmo pouco
Gosto de miudezas e coisas sem valia
De flores de verdade
De flores de plástico como enfeite
Há quem rejeite
Quem não aceite o perdão
A paz
Mesmo que isso pareça disparate
Persisite
Olho por olho dente por dente
Há quem mate
E se vingue
Pra que tudo fique sempre como no princípio dos tempos
Coisa de tribo
Isso não é correto já se sabe
É certo
Por isso não curto certezas absolutas
Reconhecer os erros
Essa é a virtude
Para que tudo mude
Ver-se no outro é a saída
Ou tudo continuará escuro
Vingança como lição
Religião
Isso é só uma doença de crença antiga
E de revide em revide
Vai se chegando à meta
Enfim
Mas o fim descrito pelo profeta é um alerta
É não o determinado
como destino da humanidade