Deicídio
Eu ergo a voz numa canção insana
aos deuses prístinos acorrentados
na miserável podridão humana
dos corações febris e amargurados.
Eu canto aos deuses enterrados vivos
na pequenez da criatura errante
que busca o fim dos sonhos mais esquivos
mandando-os todos para bem distante.
Busca matá-los impiedosamente
gritando aos ventos num tom de descrente:
"Não haja deuses a me olhar a vida!"
Mas que loucura! A cada deus que morre
o tempo célere da vida escorre...
Quem mata um deus também é suicida!